Disco: “Thecontrollersphere EP”, Of Montreal

/ Por: Cleber Facchi 06/03/2011

Of Montreal
Indie/Experimental/Alternative
http://www.myspace.com/ofmontreal

 

Por: Fernanda Blammer

 

Thecontrollersphere (2011) este é o nome do mais recente EP dos norte-americanos do Of Montreal e se você está esperando alguma dissidência do último álbum da banda, False Priest (2010) prepare-se para se surpreender. Com apenas cinco faixas o disquinho consegue mostrar o excêntrico grupo da Geórgia em um estado de experimentalismo virtuoso. Todo o lado pop e comercialmente viável apontado no trabalho anterior parece simplesmente esquecido, para nossa total satisfação.

O novo EP parece fluir numa linguagem muito diferente de qualquer coisa que a banda já tenha provado. Não compactua com as construções quase orquestradas de Satanic Panic in the Attic (2004), nem mesmo com a psicodelia pop de Hissing Fauna, Are You the Destroyer (2007), muito menos com a sonoridade indie lo-fi dos primeiros álbuns, como The Bedside Drama A Petite Tragedy (1998). O novo trabalho parece com uma soma de tudo que foi o Of Montreal, sem parecer com qualquer coisa que eles já tenham feito. Talvez se não fosse a voz de Kevin Barnes o álbum passaria como o resultado de qualquer outro artista ou grupo.

L’age D’or (o nome vem de um filme homônimo de Luiz Buñuel) é a única das faixas que poderia ser encontrada tanto em Skeletal Lamping (2008) como no último disco de estúdio da banda. Mesmo assim, a canção conta com alguns momentos de excentricidade até para o que o grupo já tenha criado. O destaque, porém está em faixas como Black Lion Massacre, em que a big band se envolve com uma sonoridade obscura, mas que soa estranhamente envolvente. Guitarras caóticas e efeitos herméticos que parecem mais com o som de algum artistas especializados no Doom Drone, um quase Sun O))) com mais acordes.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=xpYQioEnfDQ?rol=0]

Nem os pouco mais de dois minutos de Flunkt Sass vs the Root Plume, com sua sonoridade mais aberta e repleta de reverberações psicodélicas consegue recuperar a antiga instrumentação da banda, e é aí que está o lado bom do trabalho. Em poucos minutos Barnes e seus parceiros nos encaminham para dentro de um som que cheira a coisa nova, dotado do mesmo brilhantismo e efervescência dos demais álbuns do Of Montreal.

Os norte-americanos preparam ainda um pequeno épico, Holiday Call, composição que conta com oito minutos de mesclas de música eletrônica, guitarras viajadas e um tipo de instrumentação variada que acompanha ritmos regionais e sonoridade orquestrada. O desenvolver crescente da faixa vai nos encaminhando para uma união de todos esses elementos na segunda metade da canção. Uma espécie de sonoridade dançante e ao mesmo tempo estranha, que demonstra todo o poderio do grupo. Pianos, bateria, teclados e todos os demais instrumentos parecem ao mesmo tempo desconexos e ainda assim coerentes com o que é proposto.

A banda mostra ainda que consegue soar fácil e intensa com Slave Translator, uma espécie de indie rock experimental em que guitarras cruas se confrontam com vocais modulados. A constante troca de ritmos e o encaixe plural de sons fazem com que a música vá desde um breve momento introspectivo até vários pontos dançantes em seu decorrer. Thecontrollersphere EP consegue com apenas cinco faixas mostrar toda a força do Of Montreal, sendo um trabalho que supera muito do que já foi lançado neste ano, além certos trabalhos da própria banda. Destaque para as belas ilustrações que vão da capa ao encarte do álbum, todas feitas por David Barnes, irmão do vocalista da banda e responsável por demais capas de discos da banda.

 

Thecontrollersphere EP (2011)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Animal Collective, The Unicorns e Belle and Sebastian
Ouça: Holiday Call

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/11519989″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.