Disco: “This Is Where We Are”, Seryn

/ Por: Cleber Facchi 06/07/2011

Seryn
Folk/Indie Pop/Acoustic
http://www.myspace.com/serynsound

 

Por: Fernanda Blammer

Fleet Foxes, Bon Iver, Grizzly Bear, The Decemberists, Freelance Whales ou Fanfarlo, o que não faltam são artistas vindos do hemisfério norte que se adornam de uma instrumentação orquestrada, violinos, banjos, arranjos de sopro, xilofones e uma série de infinitas possibilidades acústicas que se escondem através de rótulos como “Folk”, “Indie Pop”, “Chamber Pop” ou seja lá quais forem as nomenclaturas aplicadas. Entre inúmeros lançamentos que diariamente nos presenteiam com esse tipo de sonoridade, alguns surgem como claras cópias ou pouco acrescentam ao cenário musical vigente, já outros, como o quinteto Seryn, mesmo sem nenhuma novidade conseguem emocionar perante a variedade e a beleza das melodias por eles apresentada.

Entre banjos, acordeões, sinos, violões, percussão, órgãos, trompetes, guitarras, violoncelos e violinos, bateria, baixo, teclados e pianos se revelam cinco virtuosos instrumentistas, todos “escondidos” sob algum pseudônimo. Papa Bear, Baby Bear, BBBear, Boy Rucks e Godylocks são respectivamente Aaron, Chelsea, Nathan, Chris e Trenton, cinco texanos que em 2009 resolveram amarrar todas suas referências dentro de um trabalho único – cada um dos integrantes já participava dos mais variados projetos musicais em sua cidade de origem -, sendo o resultado máximo desse encontro o apanhado de dez faixas que resultam na doce estreia do Seryn.

Nada do que é encontrado dentro de This Is Where We Are (2011, Blue Velvet/Music Spun) surge como algo novo ou que não possa ser encontrado dentro de Helplessness Blues, For Emma, Forever Ago ou qualquer outro registro “clássico” que recentemente tenha brilhado com destaque dentro do panorama folk norte-americano. Vindos da cidade de Denton, Texas e mesmo sem nos apresentar nenhuma composição marcada por ineditismos, o quinteto brilha e cresce de maneira tão estrondosa, quanto se tivesse apresentado um registro de pura novidade.

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Assim como todo o panteão de bandas acima mencionadas, os elementos ressaltados na estreia do quinteto do Texas se orienta em cima de dois aspectos centrais: as harmonias de voz e o doce coro instrumental. Assim como o Fleet Foxes fez em sua homônima estreia em 2008, aqui os texanos partem em busca da mesma exposição de vozes que marca tanto um retrocesso ao movimento hippie, quanto as harmonias apresentadas por grupos como The Beach Boys ou The Zombies. Dessa forma, as faixas estão sempre brincando com o uso de pequenos corais, que logo se transformam em uma multidão de vozes suaves que ao alcançarem seu ápice decrescem delicadamente.

Se existem semelhanças visíveis aos trabalhos de outros artistas, o aplique cuidadoso de banjo ao longo de todo o álbum talvez seja o aspecto que traga distinção ao trabalho da banda, lembrando esporadicamente um Freelance Whales em seus momentos mais orgânicos. O cuidado com que a banda desenvolve cada uma das composições, acrescentando mínimos detalhes instrumentais é o que também abandona as possíveis similaridades e traz destaque ao som do grupo. Oh My Knees é uma canção que revela exatamente isso, um tipo de faixa que em sua abertura se assemelha com tantas outras, mas que pela inserção de mínimos elementos acústicos traz visível distinção ao quinteto.

Conforme o álbum vai se desenvolvendo e se abrigando em nossos ouvidos torna-se possível acreditar que não é o apanhado de bandas anteriormente citadas que influenciam o som do grupo, mas o contrário. Embora melancólico, a precisão instrumental retratada em cada faixa e o cuidado revelado pelo grupo parecem empurrar o aspecto sombrio para longe, mantendo apenas a instrumentação virtuosa que Of Ded Moroz, Beach Song ou Our Love brilhantemente conseguem ressaltar. De maneira indiscutível um dos mais belos e precisos álbuns do ano.

 

This Is Where We Are (2011, Blue Velvet/Music Spun)

 

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Fleet Foxes, Freelance Whales e The Decemberists
Ouça: Our Love

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.