Disco: “This Modern Glitch”, The Wombats

/ Por: Cleber Facchi 25/04/2011

The Wombats
British/Indie Rock/Alternative
http://www.myspace.com/thewombatsuk

Por: Cleber Facchi

Qualquer um que tenha acompanhado os primeiros lançamentos do The Wombats em 2006 sabe o quanto a sonoridade do grupo surgiu como um alivio em meio ao saturado cenário de grupos britânicos. O trio composto por Matthew Murphy, Daniel Haggis e Tord Øverland-Knudsen uniu guitarras aceleradas com suas letras divertidas, falando sobre dançar ao som de Joy Division, uma striper chamada Patrícia ou mesmo contando histórias sobre garotos, garotas e marsupiais, mas a banda esqueceu-se de falar sobre uma coisa: se eles teriam fôlego e a mesma criatividade para um segundo disco.

Você não precisa nem de muitas audições para logo perceber que os britânicos deram mais do que conta de enfrentar o temido segundo disco. This Modern Glitch (2011) conta com todos os elementos necessários para mostrar que o grupo não apenas conseguiu sagrar-se com a sequência de A Guide To Love, Loss & Desperation (2007) como ainda evoluiu. Há tanto elementos que os fizeram consagrados em sua estreia, quanto uma carga nova de sons, letras e inspiração que comprovam a habilidade do grupo em se aventurar por inexplorados terrenos.

De cara, a mais latente mudança dentro do novo LP está no suave abandono das guitarras em determinadas faixas, assim como em uma predisposição ao uso de sintetizadores, que facilmente os arremessam para dentro do seleto grupo de artistas que fazem uso dessa sonoridade sem soarem de maneira abrupta ou ambiciosa demais. Assim como aconteceu com o Yeah Yeah Yeahs no terceiro disco (It’s Blitz, 2009) o retrospecto com foco na New Wave vai se construindo ao longo do álbum, com o trio gradativamente apresentando suas novas tendências.

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Quando o EP Jump Into The Fog (2011) saiu há alguns meses, os britânicos já haviam se encarregado de apresentar ao público os novos caminhos que haviam seguido, porém tudo soava melancólico demais, entregue em demasia os ritmos oitentistas, algo que dentro desse novo álbum parece melhor organizado. Na dobradinha de abertura composta por Our Perfect Disease e Tokyo (Vampires and Wolves) o trio vai aos poucos nos encaminhando por suas vias sintetizadas, enquanto pequenos (e praticamente nostálgicos) arranjos de guitarras vão nos recepcionando até a entrada definitiva da já conhecida Jump Into The Frog, que abraça de vez os teclados.

Ao longo de todo o disco, o The Wombats fica transitando entre as referências das décadas passadas e os sons de seu álbum de estreia, e quem de fato ganha com isso é o ouvinte, que recebe uma mistura agradável de sons e poemas de forma inspirada. Dentre os sinceros destaques (e olha que são muitos) pintam faixas como Last Night I Dreamt, onde há um casamento perfeito entre as guitarras e os teclados, a divertida Schumacher The Champagne com cara de hit fácil e aquele jeitão de britpop dos anos 90, além de Tokyo (Vampires and Wolves), Techno Fan e Anti-D, enfim, mais uma sucessão de faixas construídas para serem ouvidas em looping.

Embora não sejam necessárias muitas audições para constatar a criatividade do trio britânico dentro do novo disco This Modern Glitch é um trabalho que você provavelmente irá ouvir incontáveis vezes, afinal, não há como escapar da trama pop e pegajosa feita pelos britânicos. Do princípio ao fim do disco há não apenas a comprovação de que o grupo conseguiu se superar, como soube reinventar um som deveras utilizado. Sobre a pergunta se eles teriam fôlego para um segundo disco a resposta está mais do que óbvia: o The Wombats acertou, mais uma vez.

This Modern Glitch (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: The Pidgeon Detectives, Two Door Cinema Club e The Maccabees
Ouça: Tokyo (Vampires and Wolves)

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.