Disco: “This New Year”, Big Tree

/ Por: Cleber Facchi 15/11/2011

Big Tree
Indie/Folk/Female Vocalists
http://bigtreesings.com/

Por: Cleber Facchi

 

Existe algo que transporta o quinteto californiano Big Tree para além das obviedades do indie folk ou seja quais forem as nomenclaturas que definem o trabalho do grupo. Distantes da mesma veia musical que caracteriza nove em cada dez bandas norte-americanas do gênero, o quinteto formado por Kaila McIntyre-Bader, Anna Ghezzi, Dan Pirello, Luke Bace e Colin Fahrner escapa dos resultados evidentes do estilo, transitando por uma sequência de faixas que vão de encontro a soul music, pequenos experimentos pop e uma naturalidade musical que encanta e cativa o ouvinte sem grandes esforços.

Utilizando como base a cidade de Nova York, o quinteto parece absorver grande parte das referências que reverberam pelo Brooklin, se apoiando em uma sonoridade que em diversas vezes dialoga com as mesmas temáticas de bandas como Local Natives ou outros enunciadores de uma musicalidade similar. Entretanto, é na dobradinha de vocais femininos, no explorar de guitarras pouco convencionais e no uso de uma sonoridade sempre crescente e diversificada que mora o real acerto do grupo.

Em uma primeira audição não é difícil traçar uma forte ligação com o trabalho do Big Tree com os conterrâneos do Dirty Projectors. A sobreposição de vocais abordados de maneira inconstante, as guitarras que se perdem em doses significantes de esquizofrenia e a mudança constante de ritmo facilmente aproximam o trabalho do grupo da obra de David Longstreth, claro, de forma muito mais simplória e pouco revolucionária. Tudo ecoa como uma versão menos excêntrica do clássico Bitte Orca, com o quinteto obviamente dando preferência a um tipo de som mais plástico e pop.

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Por mais que a instrumentação que solidifica o álbum transpareça de maneira obvia a originalidade e a beleza das composições do grupo, muito e talvez a maior parte do que garante a força do registro se encontra nos vocais exaltados por McIntyre-Bader e Ghezzi. A dupla de vocalistas parecem guerrear de forma suave ao longo do registro, sobrepondo seus versos de maneira a quebrar a linearidade do trabalho, permitindo assim que seus parceiros possam caminhar ao seu redor, preenchendo todas as possíveis lacunas com doses imoderadas de sua instrumentação convincente.

A busca por esse tipo de som que valoriza constantemente os vocais do registro vem expressa em faixas como Home (Here) e Woods. Enquanto a primeira se volta diretamente para as experiências complexas do Dirty Projectors, a segunda possibilita que a banda percorra um território macambúzio sem a mínima possibilidade de desenvolver um tipo de música demasiadamente óbvia ou estritamente convencional. Essa dualidade é o que acaba por fim caracterizando todo o registro, com o quinteto reproduzindo um tipo de som agridoce que tem como único objetivo agradar o ouvinte.

Embora acertem visivelmente ao buscar pelo uso de doces melodias pop e uma sonoridade mais radiofônica, o maior acerto do registro está justamente em seus momentos mais experimentais e nada óbvios, algo bem representado pelas últimas canções do registro. Sempre extensas (em geral as canções circulam entre seis e sete minutos de duração), as faixas abrem caminho para a reprodução de um trabalho melhor proveitável e ainda mais interessante, algo que o grupo pode (e deve) explorar em seus futuros registros.

This New Year (2011, Independente)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Dirty Projectors, Fleet Foxes e tUnE-yArDs
Ouça: This Fall, Home (Here) e October

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.