Disco: “Thr!!!er”, !!!

/ Por: Cleber Facchi 30/04/2013

!!!
Indie Rock/Dance/Electronic
http://chkchkchk.net/

 

Por: Fernanda Blammer

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Há 12 anos, quando o autointitulado primeiro álbum do !!! (Chk Chk Chk) chegava ao público, o resgate do Dance Punk e todos os elementos que alimentariam a música da época estavam em fase de preparação. O coletivo californiano, entretanto, parecia saber exatamente o que viria a orientar o trabalho de grupos como The Rapture, Franz Ferdinand, Radio 4 e outros interessados nas referências enérgicas do gênero. Herdeiros diretos de Gang Of Four ou demais projetos veteranos que despejaram doses imoderadas de groove na produção musical do fim da década de 1970 e que lentamente tiveram sua importância reafirmada.

Mais de uma década desde o bem sucedido debut, e o grupo de Sacramento, Califórnia prossegue tão ativo e capaz de promover o mesmo ritmo quente que chamou a atenção do público. De posse do quinto registro em estúdio, Thr!!!er (2013, Warp), a banda deixa de lado as composições extensas, loops eletrônicos e experiências ampliadas para apresentar o trabalho mais pop de toda a carreira. Composto de nove faixas inéditas e uma presença ainda maior de guitarras e outros elementos que não os sintéticos, o novo álbum aproxima o coletivo de uma atmosfera que mesmo comercial e capaz de tocar o grande público, em nenhum momento se distancia das especificidades ou pontos excêntricos da banda.

Embora a transformação instrumental seja visível e conduza com maestria o registro, o aperfeiçoamento dos vocais se apresenta como um ponto de expressiva renovação. Seja pelo uso de vozes compactas e sofisticadamente encaixadas em faixas como Careful ou pequenos coros de vozes como os que abastecem One Girl / One Boy, a voz deixa de fluir em um plano de fundo (como nos registros anteriores) para pulsar com destaque durante toda a obra. Observado de forma atenta, o novo disco clama pelos vocais, tratamento que movimenta tanto canções extremamente pegajosas aos moldes de Slyd (espécie de encontro entre CSS e Azari & III), como faixas em que os instrumentos predominam com destaque, à exemplo de Californiyeah.


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Ao mesmo tempo em que a busca pelo caráter pop impulsiona o grupo ao desenvolvimento de um achado de pequenos hits cantaroláveis, a construção das faixas em camadas instrumentais identifica um novo resultado. São canções que brincam com a estética Nu-Disco, incorporando elementos muito similares ao que os nova-iorquinos do Hercules and Love Affair tentaram com o primeiro disco. Se levarmos em conta a presença do Saxofone em Get That Rhythm Right e as pequenas métricas eletrônicas dissolvidas no restante da obra, é possível até resgatar aspectos testados pelo The Rapture em In The Grace of Your Love (2011), tudo em uma medida muito mais simples e naturalmente próxima do público.

Diferente do que abasteceu o Myth Takes (2007) e assumindo uma sonoridade muito próxima do que foi testado em Strange Weather, Isn’t It? (2010), Thr!!!er traz nas canções rápidas, vozes melódicas e acertos quase descartáveis uma curiosa medida de aproximação com os novos ouvintes. Longe das experiências que se esparramavam nos primeiros discos, o novo álbum deixa fluir um som de fácil assimilação, tratando de cada faixa como um objeto específico para o álbum. Se por um lado essa estratégia rompe com o clima conceitual dos projetos anteriores, por outro ela faz de cada música um ponto específico de inventividade, ampliando ainda mais os limites da banda.

Longe de cometer os erros e possíveis redundâncias de artistas surgidos na mesma época, a banda deixa de lado a zona de conforto para abastecer o novo álbum com diversas referências recentes. Da relação criativa com a música negra (Except Death) aos passeios semi-exagerados pelo pop (One Girl / One Boy), cada espaço do presente disco faz dele um projeto tão atual quanto a estreia do grupo ou mesmo os inventos testados nos discos seguintes. Thr!!!er é um disco feito para dançar, queria você ou não.

 

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Thr!!!er (2013, Warp)


Nota: 7.0
Para quem gosta de: The Rapture, LCD Soundsystem e Hot Chip
Ouça: Except Death e One Girl / One Boy

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.