Disco: “Todo Futuro É Fabuloso”, Bazar Pamplona

/ Por: Cleber Facchi 08/05/2012

Bazar Pamplona
Brazilian/Indie Pop/Alternative
http://www.bazarpamplona.com.br/

 

Por: Cleber Facchi

Todo futuro é fabuloso, pelo menos é o que atesta a banda Bazar Pamplona no título do segundo mais recente trabalho de estúdio do grupo. Cada vez mais distante das antigas aproximações com a música proposta pelo quarteto carioca Los Hermanos, o quinteto paulistano parece se aproximar de uma sonoridade verdadeiramente particular e distinta, tingindo as recentes composições com acordes coloridos, detalhamentos ensolarados e versos aconchegantes, resultado do esforço coletivo de cada um dos componentes do projeto, bem como da gama de amigos e colaboradores que os acompanharam durante a produção do álbum.

Menos afobado que À Espera das Nuvens Carregadas, primeiro disco da banda lançado em 2008, o novo registro de 13 faixas deixa de lado os excessos, foca no que é somente necessário para um bom resultado e naturalmente agrada o ouvinte sem muitos esforços. Longe de apresentar grandes arranjos ou fórmulas instrumentais e líricas complexas, a banda formada por Estêvão Bertoni (vocais e guitarras), João Victor (guitarra), Rodrigo Caldas (bateria), Rafael Capanema (baixo e teclado) e Marcos Miranda (teclado e baixo) faz nascer um disco dinâmico, que utiliza de uma formatação básica como o maior atrativo para capturar e encantar o ouvinte, que em pouco tempo será hipnotizado pelas melodias suaves do trabalho.

Alheio aos experimentos ou referências nortistas que se aproximam da atual musical brasileira, o disco segue firme em uma estrutura que aposta em versos simples, sonoridades melódicas e todo um conjunto de elementos práticos que aproximam o quinteto de um resultado muito mais pop do que o encontrado em outros lançamentos. Responsável pela produção do disco, João Erbetta – que entre outros trabalhos é guitarrista da banda de Marcelo Jeneci – evita a todo instante que o grupo caia no exagero, mantendo as composições sempre próximas, compactas e consequentemente atraentes, beirando um resultado sempre comercialmente radiofônico.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=ZUJvSN2ZKHI]

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=u-w7y_cjuI8]

Logo nos primeiros instantes o disco mostra a que veio. A união entre a a faixa título, Greve e Quem Eles Pensam Que São? resulta em um composto musical harmônico, que se não for capaz de prender o ouvinte nos minutos iniciais, tornam impossível uma fuga posterior, resultado dos versos abrangentes e do refrão grudento que se esconde em cada música. Em alguns momentos, a união entre as letras e os acordes é tão perfeita, que se desvencilhar das canções é uma tarefa praticamente impossível. Mesmo os mais exigentes ouvintes não tem do que reclamar do trabalho, que se dissolve fácil e despretensioso, como se a banda estivesse se apresentando exclusiva e individualmente para o ouvinte.

Além da sonoridade pop quase açucarada das faixas iniciais, o trabalho despeja algumas composições mais densas e menos eufóricas, transformação que se materializa de maneira interessante na adorável É Tão Cafona O Que Eu Sinto Por Você. Construída em parceria com a pernambucana Lulina, a música puxa o quinteto para um resultado nada expansivo, temperando com alguns toques de melancolia os mais de quatro minutos da canção. O mesmo composto se faz presente em As Nuvens Não Têm Playground, música que investe em uma proposta ainda mais dolorosa. É como se a partir da segunda metade do álbum a banda investisse em um oposto do que propõe no princípio, tocando a alegria, as cores e a celebração pela dor, tons acinzentados e uma proposta mais contida.

Naturalmente muito mais completo e interessante do que o primeiro álbum do grupo, Todo futuro é fabuloso mesmo encantador se revela como um trabalho de passagem. A formatação deveras simples e atrativa do trabalho é o que em alguns instantes impossibilita o quinteto de transformar o disco em um projeto mais amplo e maduro, como se fosse apenas um caminho para algo maior que pode vir a ser lançado em um futuro próximo. Fabuloso ou não, quem decidirá o futuro do Bazar Pamplona são os próprios integrantes, que pelo menos com o novo disco parecem bem encaminhados.

Todo Futuro é Fabuloso (2012, Capitão Monga)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Hidrocor, Benjamins e Lulina
Ouça: Quem Eles Pensam Que São? e É Tão Cafona O Que Eu Sinto Por Você

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/playlists/1755274″ height=”200″ iframe=”true” /]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.