The Antlers
Indie/Experimental/Alternative
http://antlersmusic.com/

Por: Cleber Facchi

A absorção lenta por parte da crítica e do público em relação ao melancólico Hospice parece felizmente não se repetir em relação ao quarto e mais recente álbum do The Antlers, Burst Apart. Mesmo afogado nos mesmos experimentos musicais que deram origem ao doloroso trabalho de 2009, o presente disco parece apontar (mesmo de maneira suavizada) uma soma de possíveis rumos para a banda comandada por Peter Silberman, embarcando em busca de uma musicalidade cada vez mais melódica e comercial ao mesmo tempo em que mantém um forte laço com uma sonoridade puramente complexa e marcada pela experimentação.

Espécie de complemento maduro (e necessário) do recente álbum, Together EP (2011, Frenchkiss Records) surge agora para reforçar ainda mais a boa fase do grupo nova-iorquino, com o trio se apresentando ao lado de uma soma de colaboradores ativos da nova safra de músicos norte-americanos. Afogados em experimentos que talvez não fossem viáveis nos trabalhos de estúdio, a trinca – que fica completa com a presença de Michael Lerner e Darby Cicci – proporciona uma série de versões para algumas composições vindas do recente disco, proporcionando um tipo de som que talvez reconfigure a visão sobre Burst Apart ou mesmo sobre a própria obra do The Antlers.

Em um ambiente obviamente distorcido, Together acaba lembrando o que fora proposto pelos conterrâneos do Grizzly Bear em 2007, com o lançamento do memorável EP Friend. Composto quase integralmente de versões feitas por amigos da banda nova-iorquina (daí o título do trabalho), o registro de 11 faixas serviu para aproximar a obra do grupo comandado por Edward Droste de um público diferente, utilizando bandas como Cansei de Ser Sexy (que trouxe uma bela versão para a dolorosa Knife) e Band Of Horses para alcançar tal feito.

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Ao longo de Together essa escolha parece bem perceptível em cada uma das oito faixas que o definem. Do encaixe suave de Nicole Atkins na agora adocicada e folk Hounds aos sintetizadores bizarros de Rolled Together ao lado de Neon Indian, cada música reformulada ao longo do trabalho acaba pendendo visivelmente para o tipo de som proposto pelos artistas convidados, possibilitando que o próprio Antlers transite por um terreno diferenciado daquele que vem percorrendo há tempos. Essa escolha por um caminho não óbvio acaba transformando mesmo as já conhecidas canções em algo novo, quiçá inédito em diversos momentos.

Delimitado por bons momentos – algo que se revela tanto nos eficazes remixes que acompanham o disco como no peculiar cover para VCR do The XX –, o EP de quase uma hora de duração alcança seu ápice justamente na última faixa: a (agora) gigante Parentheses. Versão já conhecida de quem acompanha o trabalho do grupo, a composição surge agora embalada por uma avalanche de experimentos ruidosos e transições musicais que pendem obviamente para uma tonalidade integralmente experimental e épica, resultado mais do que explicado em virtude da parceria com os amigos de longa data do Bear In Heaven.

Mesmo vasto e sustentado em cima de novas experiências musicais, Together mantém em como uma espécie de plano de fundo a velha sonoridade que define o trabalho do Antlers, impedindo que o disco acabe pendendo para um som demasiado distinto ou completamente fora dos padrões da banda. Entre transições por um novo tipo de sonoridade e a herança visível dos anteriores trabalhos, o registro mantém um resultado mais do que convincente, respeitando o título do álbum, que deve manter os ouvintes e a banda em uma mesma sintonia, simplesmente juntos.

Together EP (2011, Frenchkiss Records)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Wild Beasts, St. Vincent e The National
Ouça: Parentheses (feat. Bear In Heaven)

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