Disco: “Tomorrow’s Hits”, The Men

/ Por: Cleber Facchi 07/03/2014

The Men
Rock/Alternative/Psychedelic
http://www.sacredbonesrecords.com/

Por: Cleber Facchi

The Men

Parece difícil acreditar que a nova-iorquina The Men um dia foi considerada uma banda Punk. Cada vez mais distante do começo de carreira barulhento e marcado pela aceleração das guitarras, o quinteto original do Brooklyn alcança o quinto trabalho de estúdio em um sentido de evidente posicionamento estético. Arquitetando de vez os alicerces no rock clássico dos anos 1970, o grupo assume no recém-lançado Tomorrow’s Hits (2014, Sacred Bones) um ponto final na série de transformações seguidas desde a ruptura exposta em Open Your Heart (2012).

Obra mais dinâmica e acessível apresentada pelo grupo (até agora), o trabalho firma em cada faixa um objeto de diálogo preciso com o público. São composições que assumem o esforço de uma trilha sonora para uma noite de bebedeira (Another Night), até faixas em que a precisão das guitarras parece resgatar a crueza exposta na fase inicial do quinteto (Different Days). O típico caso de um disco que se acomoda na simplicidade das fórmulas e arranjos, sem necessariamente fazer disso um caminho garantido para a banalidade dos sons.

Desenvolvido como uma evidente sequência do trabalho anterior, New Moon, de 2013, o novo álbum não apenas garante continuidade aos sons testados há poucos meses, como autoriza o grupo a provar de novas experiências musicais. Enquanto o álbum passado fazia de músicas como I Saw Her Face e Supermoon uma direta comunicação com o Psych Rock da década de 1970, com o novo álbum a banda amplia os próprios limites. Músicas como Sleepless, que abraçam o Country, e até faixas como Pearly Gates, em que as experiências do Rockabilly são encaradas de frente, se manifestam por toda a obra.

Ainda que o título do álbum, Tomorrow’s HitsHits do Amanhã, em português – possa ser observado de forma irônica, tamanha a comunicação com os sons e referências do passado, não poderia existir um título mais assertivo para o novo álbum dos nova-iorquinos. A julgar como cada composição absorve aspectos específicos da música lançada há quatro ou cinco décadas, o novo álbum do The Men nada mais é do que uma coletânea empoeirada. Uma espécie de The Best Of dos anos 1960/1970 e que viajou no tempo até alcançar o presente.

Inovador, ainda que “clássico”, o novo álbum soa em alguns momentos como uma versão pré-histórica do próprio grupo. Enquanto faixas como Going Down se manifestam como uma versão filtrada (e simples) da crueza exposta em Leave Home (2011), outras como Different Days absorvem as mesmas experiências testadas no último ano, limpando de forma evidente todo e qualquer excesso. Acrescente uma dose extra de harmonias (Dark Waltz), metais (Another Night) e até guitarras slide (Settle Me Down), pronto, você tem em mãos um trabalho em que os clichês parecem funcionar a favor da banda.

Com a certeza de que um novo arco foi concluído dentro da discografia da banda (mais uma vez), Tomorrow’s Hits força a pergunta: qual direção seguir agora? Da mesma forma que em New Moon, ou quem sabe no esquizofrênico primeiro disco, Immaculada (2010), a incerteza se manifesta como um estímulo para viajar pelo universo próprio da banda. Um ambiente em que tapar os ouvidos e deixar a banda apontar a direção sem qualquer expectativa se revela como um curioso exercício de descoberta.

The Men

Tomorrow’s Hits (2014, Sacred Bones)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Milk Music, California X e Mikal Cronin
Ouça: Different Days, Another Night e Pearly Gates

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.