Disco: “Too True”, Dum Dum Girls

/ Por: Cleber Facchi 06/02/2014

Dum Dum Girls
Indie/Lo-Fi/Garage Rock
http://wearedumdumgirls.com/

Por: Cleber Facchi

Dum Dum Girls

Em 2010, quando I Will Be, primeiro trabalho de estúdio do Dum Dum Girls, foi lançado, a invasão de bandas tomadas pelo espírito Garageiro/litorâneo/Lo-Fi ocupava grande parte da produção musical norte-americana. Artistas que cresceram à sombra de pequenos gigantes como Best Coast e Wavves, mas que tão logo nasceram, foram rapidamente esquecidos. Já o quarteto de Los Angeles, não apenas manteve a boa forma, como soube evoluir, princípio já ressaltado em Only in Dreams, de 2011, mas que se manifesta de forma ainda mais coesa no lançamento de Too True (2014, Sub Pop).

Obra mais direta já lançada pelo grupo até agora, o trabalho de dez faixas se esquiva dos instantes de letargia de forma a valorizar a pureza dos sons. Empurrando a relação com o Dream Pop para o eixo final do disco – principalmente para a faixa Trouble Is My Name -, Dee Dee, Jules, Sandy e Malia fazem do trabalho uma obra que reverbera crueza, sem necessariamente parecer forçada a isso. Músicas que se aproximam de arranjos sujos, mas em nenhum momento rompem com as melodias já solucionadas no ótimo End of Daze EP, de 2012.

Afundado de maneira evidente na década de 1980, o disco oculta parte dos vocais e arranjos em uma atmosfera de nostalgia proposital. São emanações caseiras, vocais abafados pelos ruídos e a presença constante de batidas ecoadas – herança da antiga colaboradora Frankie Rose. Ainda que todos esses mesmos elementos já tenham se materializado de forma evidente nos primeiros discos da banda – principalmente no último -, o ritmo dinâmico e a simplicidade proposta para o álbum garantem novo sentido ao trabalho das californianas.

Em um propósito de fazer valer a boa formação dos últimos EPs – sempre bem recebidos, tanto pelo público, como pela crítica -, Too True parece fugir de qualquer instante de exagero. Tão logo Cult Of Love, primeira canção do disco, tem início, uma seleção de guitarras sobrepostas, batidas pontuais e vozes prontas facilitam o percurso para alcançar o ouvinte. A mesma imposição ocupa todos os limites de Rimbaud Eyes, faixas que passeia pelo Pós-Punk sem perder a verve garageira, ou mesmo Too True To Be Good, música que mesmo delineada pela pressa, não oculta formas detalhistas e exploradas com cuidado.

Claro que a proposital simplicidade da obra não exclui pequenos instantes de pura letargia e recolhimento. É o caso de Lost Boys And Girls Club, com seus arranjos sombrios e totalmente voltados ao cenário proposto inicialmente em Only in Dreams. Da maneira como os vocais são doutrinados, ao pleno encaminhamento atmosférico das guitarras, cada reverb da canção faz o ouvinte fluturar. Um mero suspiro antes que a punk Little Minx chegue como um tapa, encaminhando o espectador desperto para os instantes finais do álbum.

Naturalmente enquadrado dentro do jogo musical próprio da banda, Too True está longe de ser interpretado como uma obra musicalmente redundante. Trata-se de um exercício de expansão dos próprios domínios do quarteto, que mesmo em um estágio explícito de maturidade, em nenhum momento exclui doses consideráveis de jovialidade e, claro, a boa forma expressa desde o debut I Will Be.

 

Dum DUm

Too True (2014, Sub Pop)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Frankie Rose, La Sera e Best Coast
Ouça: Too True To Be Good e Lost Boys And Girls Club

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.