Disco: “Torches”, Foster The People

/ Por: Cleber Facchi 11/05/2011

Foster The People
Indie Pop/Alternative/Pop
http://www.myspace.com/fosterthepeople

Por: Fernanda Blammer

Talvez o fator mais interessante de todo o barateamento e as novas possibilidades de gravação no meio musical seja o de termos acesso a trabalhos como Torches (2011), estreia mais do que fantástica do quarteto californiano Foster The People. Desde 2009 se revezando em apresentações por toda Los Angeles, o trio formado por Mark Foster, Mark Pontius e Cubbie Fink faz de seu primeiro trabalho o disco de música pop mais agradável de 2011. Caminhando por diferentes gerações e absorvendo todas as sonoridades radiofônicas dos anos 2000, a banda faz de sua música um instrumento para a diversão.

É difícil situar a sonoridade do grupo dentro de um rótulo ou de uma linhagem específica. Talvez o mais fácil seja classifica-los como uma banda de música pop e ponto, entretanto, alguns elementos e influências perceptíveis nos sons e nas letras das canções permitem traçar algumas considerações sobre o trio. É possível encontrar desde mínimas camadas de um synthpop nostálgico, numa quase ode aos anos 80 feito por alguém que sequer tenha vivido durante o período. Mas é na psicodelia pop do MGMT e nos sintetizadores coloridos do Discoverey e do Passion Pit que a banda de fato estende suas pontes.

Assim como Manners (2009), estreia da banda de Cambridge comandada por Michael Angelakos, o trio californiano se veste de um electropop doce e quase pueril em suas canções. Ao mesmo tempo que a fina penumbra eletrônica protege as dez criações que formalizam o disco, uma suavidade orgânica toma conta de tais faixas, dando ao álbum um caráter de originalidade e impedindo que o disco caia nos mesmos erros da música pop tradicional. Quando se prendem em refrões fáceis e rimas dançantes as músicas do grupo se assemelham ao que era disseminado pelo MGMT em Oracular Spetacular (2008), soando como filhos de um casamento entre Time to Pretend e Kids.

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Outro elemento de forte importância dentro do álbum (e talvez seja ele a grande força que movimenta Torches) são os vocais. Assim como Angelakos em 2009, Mark Foster preenche sua voz com diversos efeitos sintetizados, que dão ao registro um toque de polidez, invadindo os ouvidos logo na primeira audição. Não será nem um pouco estranho você ouvir o disco uma única vez e logo se pegar cantarolando trechos de Helena Beat, Pumped Up Kicks ou da graciosa Waste. Se a intenção do grupo era a de fisgar o ouvinte com apenas uma única rotação do trabalho, então eles conseguiram.

Quem pensa que por se tratar de um disco de música pop Torches reserve apenas para a abertura do disco seus melhores exemplares, espere para ver o que se esconde no “lado b” do álbum. É ali que o trio “oculta” seus momentos de maior aproximação com a música eletrônica e também o espaço para que pequenas comoções, como as que são proporcionadas por Houdini e Miss You possam se esconder. Essa segunda, por exemplo é o perfeito casamento entre o melancólico (em doses ponderadas) com o dançante, movimentando uma faixa feita para ser cantada em coro, com os olhos fechados e que ainda assim serve para dançar.

Se 2011 precisava de seu “artista revelação”, aquele grupo que ninguém esperava algo de muito relevante e simplesmente acaba por conquistar a todos, então essa é a posição do Foster The People. Claro que falta ao grupo uma dose de instrumentação própria, algo que os torne realmente inovadores, mas isso é algo que com o tempo o grupo deve construir. Se por enquanto, brincando apenas com o básico o trio já consegue fazer um álbum desse tamanho, o que dirá os futuros lançamentos do grupo.

Torches (2011)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Passion Pit, Discovery e MGMT
Ouça: Pumped Up Kicks

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.