Disco: “Tramp”, Sharon Van Etten

/ Por: Cleber Facchi 27/01/2012

Sharon Van Etten
Indie/Female Vocalists/Folk
http://sharonvanetten.com/

Por: Juliana Pinto

Sharon van Etten

O Brooklyn é o berço de incríveis manifestações artísticas e mais do que isso, é um lugar de diversidade e multiplicidade de gêneros, lá há espaço para todos. Sharon Van Etten, cantora e compositora folk nascida em New Jersey, é uma das figuras cativantes e encantadoras que dão charme à cena acústica nova-iorquina. Dona de uma voz elegante e agradável, Van Etten distingui-se fácil da maioria das cantoras do gênero com sua originalidade e personalidade única que transmite para cada canção que compõe.

Tramp é o nome do terceiro registro de estúdio da norte-americana e também o seu mais pessoal e introspectivo trabalho. Conseguindo explorar muito bem diversas influências, Van Etten demonstra logo na segunda faixa, a suave Give Out, que sinceridade é o foco das letras nesse disco que é o mais confiante da sua carreira.

Produzido pelo Aaron Dessner (um dos integrantes do The National), fica evidente que a colaboração do músico foi definitiva para o toque mais direto do Tramp. Quando comparado ao debut da cantora Because I Was In Love (2009) e seu seguidor Epic (2010), o presente álbum é claramente mais seguro e intenso do que os trabalhos anteriores, além de passar uma maturidade de Van Etten que ainda estava em fase de desenvolvimento nesses registros mais antigos.

O folk rock espiritual de cada uma das faixas é mais convincente e enérgico do que o registrado nos outros álbuns de Sharon Van Etten e por isso Tramp é rico, carregado emocionalmente sem ser exagerado. É um disco que não soa tão transitório quanto o Epic, nem tão simples quanto o seu trabalho de estréia, se tornando um grande disco de folk-rock mesmo sem ter pretensão alguma de ser épico.

Verdade que a voz da cantora inspira momentos solitários e melancólicos, que ao vivo parecem ainda mais pessoais e íntimos, como se Van Etten quisesse compartilhar com os ouvintes suas lembranças e histórias. Esse lado mais sereno da cantora seguramente cativou um número considerável de fãs que admiram suas harmonias delicadas. Acompanhar esse processo de expansão da cantora é surpreendente, e todo esse trabalho resultou num álbum que explora múltiplas influências, tornando-o distante das melodias dramáticas do Because I Was In Love. A cantora escreve sobre o que conhece, e consegue ser suave, intensa, ou até mesmo agressiva quando quer, sem perder a elegância.

A sofisticação da música de Van Etten – um processo que teve início no decorrer de Epic – finalmente se consolida, entrando num perfeito encaixe com o ar intimista e calmo dado a esse registro. As influências do folk tradicional são o elemento final para que Tramp se mostre sólido e consistente, e se estabilize como um disco nostálgico e de beleza singular. É a prova final de que Sharon Van Etten é dona de uma voz poderosa e impressionante, que veio para ficar – definitivamente.

Tramp (2012, JAGJAGUWAR)

Nota 8.0
para quem gosta de: Little Scream, Laura Gibson e Marisa Nadler
Faixas preferidas: Leonard, Serpents e All I Can
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.