Disco: “Tripper”, Fruit Bats

/ Por: Cleber Facchi 22/07/2011

Fruit Bats
Indie Pop/Folk/Alternative
http://fruitbatsmusic.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Uma das grandes marcas de grupos que surgiram na última década foi a construção de um tipo de som adocicado, calcado em referências vindas dos anos 90 (como os primeiros álbuns do Belle and Sebastian), além de um apanhado de inspirações que vão desde a música folk dos anos 60 até a melancolia lo-fi do Neutral Milk Hotel. Desse vasto caldeirão de referências surgiram bandas como The Shins, Rogue Wave, Born Ruffians e todo um variado catálogo de grupos que para fins de registro se protegeram sob o rótulo de “Indie Pop”, uma das muitas nomenclaturas utilizadas para concentrar toda a vastidão instrumental elaborada por eles.

Embora sejam tradicionalmente puxados para dentro do mesmo grupo, o quinteto de Illinos Fruit Bats não apenas se mantém em um panorama levemente distante de todas essas bandas, como encontra em suas referências um vasto mar de possibilidades instrumentais, indo para muito além dos limites acima citados. Da música country às harmonias de vocais apresentadas pelo The Beach Boys, do rock psicodélico dos anos 70 aos sons da soul music, múltiplas são vertentes que dão vida ao som desenvolvido pelo grupo, autor de clássicos recentes como Spelled in Bones (2005) e The Ruminant Band (2009).

Denominado Tripper (2011, Sub Pop), o mais recente álbum do Fruit Bats parece continuar exatamente de onde a banda parou em seu último trabalho, apresentando uma sonoridade ainda mais límpida e graciosa do que a expressa anteriormente. Em 11 composições, a banda embarca o ouvinte através de um universo de composições líricas, uma musicalidade impecável e um misto de sensações ora nostálgicas, ora festivas, todas sempre ordenadas de maneira a seduzir o ouvinte através de seus arranjos bem elaborados e que parecem ilustrar um universo quase onírico.

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O álbum cerca o ouvinte logo em suas primeiras faixas, tornando difícil não se interessar pela condução suave e repleta de nuances das composições. O álbum valeria apenas pela trinca de abertura formada por Tony The Tripper, So Long e Tangie and Rayn, faixas que traduzem toda a vastidão musical que delimita a obra do grupo. Se a primeira composição não agradar, a faixa seguinte assume todas as responsabilidades, impossibilitando que o ouvinte saia decepcionado em sua passagem ao longo do disco.

Se mesmo assim a tríade inicial não agradar, a banda formada pelo multi-instrumentista Eric D. Johnson e seus parceiros Sam Wagster, Ron Lewis, Graeme Gibson e Christopher Sherman ainda reserva uma série de agradáveis composições para o restante do disco. Enquanto You’re Too Weird soa como uma clara dissidência dos anos 60, The Banishment Song se volta aos tradicionais sons da música norte-americana, trazendo um aspecto totalmente bucólico e orgânico ao registro, isso enquanto The Fen e Wild Honey demonstram o lado mais climático do trabalho, se protegendo em meio a sintetizadores etéreos.

Divertido e despretensioso, o álbum vai lentamente aprisionando o ouvinte dentro de suas amarras coloridas, letras melancólicas e acordes fracionados entre o doce, o suave e o doloroso. Quem esperava por um bom substituto para o álbum The Ruminant Band de 2009 encontrará em Tripper um número grandioso de faixas que parecem se encaixar perfeitamente em dias solitários ou em momentos ensolarados acompanhado na companhia dos amigos.

 

Tripper (2011, Sub Pop)

 

Nota: 7.4
Para quem gosta de: The Shins, Rougue Wave e Dr. Dog
Ouça: So Long

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.