Disco: “Tropical Splash”, Copacabana Club

/ Por: Cleber Facchi 15/06/2011

Copacabana Club
Brazilian/Indie Rock/Electronic
http://www.myspace.com/copacabanaclubmusic

Por: Cleber Facchi

Talvez nenhum lançamento nacional em 2010 tenha as mesmas responsabilidades que a estreia do Copacabana Club. Há quase quatro anos, o grupo vindo da capital paranaense Curitiba carrega a dura provação de lançar uma estreia proporcional ao hype instalado sobre suas primeiras canções, além de dar consistência a um trabalho que corresponda ao mesmo resultado expresso em suas apresentações ao vivo. Mantendo uma temática similar a que trouxe a eles reconhecimento em boa parte do Brasil (e até no exterior), a banda faz de Tropical Splash (2011) o seu cartão de visitas decisivo em terras tupiniquins.

Podia até não parecer na época em que o quinteto surgiu, mas a busca desesperada por um “novo Cansei de Ser Sexy” foi o que trouxe ampla visibilidade ao som dos curitibanos. Tanto o público, quanto (principalmente) jornalistas reviravam páginas e mais páginas do MySpace ou acompanhavam inúmeros festivais de música independente na tentativa de serem eles os descobridores de um novo Hype. As excelentes apresentações ao vivo e o conjunto de faixas dançantes-entusiasmadas-pop-chilete trouxeram merecido destaque aos paranaenses, mas faltava ainda um decisivo primeiro disco para que isso se concretizasse.

A mistura de guitarras suingadas com leves pendências aos sons eletrônicos é o elemento que movimenta grande parte do aguardado debut. Embora hoje tal predisposição musical não pareça mais novidade – Holger, Wannabe Jalva e Homemade Blockbuster estão aí para provar – na época em que grupo fez suas primeiras apresentações ou entregou suas primeiras músicas (por volta de 2007), tal sonoridade era o que fazia toda a diferença. Com poucas evoluções e seguindo quase rigorosamente a fórmula do primeiro EP – King of The Night (2008) – o grupo talvez peque por valer-se muito do básico.

Nenhuma das nove faixas inéditas que saltam do disco se apresentam de maneira distinta ao que vinha dos hits Come Back, It’s Us, King Of The Night ou Just Do It, o que obviamente atrapalha qualquer expectativa (e são muitas) cultivadas desde que o grupo anunciou sua derradeira estreia. Embora inéditas, mesmo quem nunca tenha assistido a um único show da banda sentirá a clara percepção de já ter ouvido isso antes, afinal, a linguagem instrumental das novas Backyard, Mrs. Melody ou Sounds Like Confusion é exatamente a mesma de quando o quinteto – hoje formado por Alec Ventura, Caca V, Claudinha Bukowski, Rafael Martins e Tile Douglas – apresentou suas primeiras criações.

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Se nenhuma das composições conseguem se evidenciar como algo novo no decorrer do disco, pelo menos um importante acerto o grupo conseguiu trazer para dentro de sua estreia: o de transportar a mesma energia adquirida em suas apresentações ao vivo. A produção do álbum que ficou por conta do experimente Dudu Marote, hoje se revela como um excelente acerto. Desde a década de 1990 se envolvendo na produção de trabalhos do gênero, Marote fez com que todos os erros encontrados no EP de 2008 fossem sumariamente excluídos, fazendo com que cada uma das canções correspondam à mesma pulsação adquirida no campo de batalha da banda.

É justamente o explorar dessa sonoridade cativante que faz com que velhas conhecidas dos shows manifestem claro destaque ao longo do trabalho. Sex Sex Sex, que ao vivo se transforma em um grande jogo de coreografias entre o público e a banda, dentro do álbum corresponde a todas as expectativas, sendo quase possível montar a mesma coreografia das apresentações na individualidade de um quarto. O mesmo vale para Sounds Like Confusion (com um “quê” de The Rapture ou seria The Sunshine Underground?), faixa que expõe um dos melhores acabamentos instrumentais de todo o disco, sendo inundada por belas melodias de guitarras.

Entretanto, nem o belo acabamento dado ao disco consegue justificar a inclusão desnecessária da faixa Darling, que além de não acrescentar em nada dentro disco consegue causar certo constrangimento a quem se depara com o trabalho dos curitibanos. A busca por apresentar o lado “romântico e sofredor” da banda proporciona uma visível quebra na fluência do registro, até então crescente, algo que felizmente se salva pela inclusão da agradável Comeback, que aqui ganha contornos renovados, bem mais límpidos que o de sua primeira versão.

Mesmo que falte novidade ao trabalho do Copacabana Club, a maneira despretensiosa com que a banda constroi as 13 faixas de sua estreia é o elemento que acaba salvando Tropical Splash. Torna-se inegável o impacto que o disco teria causado se fosse lançado há dois anos, quando todos os olhares pareciam voltados aos paranaenses, entretanto, talvez o disco não tivesse a mesma durabilidade, já que é no aguardo e na expectativa cultivada que o grupo também consegue prender o ouvinte. Por mais que grande parte das faixas pareçam velhas conhecidas, o clima sempre festivo e o bom humor instalado no álbum conseguem se sobrepor à ausência de ineditismos.

Tropical Splash (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Cansei de Ser Sexy, Boss In Drama e Homemade Blockbuster
Ouça: Sounds Like Confusion ou Sex Sex Sex

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.