Disco: “True Loves”, Hooray For Earth

/ Por: Cleber Facchi 04/06/2011

Hooray For Earth
Indie/Post-Punk/Electronic
http://www.myspace.com/hooray4earth

Por: Fernanda Blammer

Mesmo que um bom número de publicações venha ressaltando o crescente revival dos anos 90, os ritmos, texturas e fórmulas oriundas da década de 1980 anda se fazem tão ativos quanto há dez anos, quando tais sons foram redescobertos por artistas vindos dos mais variados cantos do mundo. Entretanto, ao invés de brotarem composições especializados na velha fórmula do “mais do mesmo”, os sombrios ritmos oitentistas acabaram reconfigurados, como o que o Twin Shadow, Zola Jesus e demais nomes da música contemporânea vem evidenciando. Dentro do mesmo grupo está o Hooray For Earth, que faz de seu segundo trabalho de estúdio uma nova oportunidade de mergulhar nas climatizações do post-punk e do synthpop.

Qualquer um que tivesse ouvido o autointitulado álbum de estreia da banda (lançado em 2006) e posteriormente assistido ao futurístico clipe de True Loves (primeiro single do novo álbum) percebeu a grande mudança ocasionada dentro da sonoridade dos nova-iorquinos. Bem resolvidos, o grupo ruma para o explorar de uma musicalidade muito mais experimental do que a anteriormente exposta, sem que para isso precise se desligar do que poderia ser um som fácil e inventivo.

Nas dez faixas de True Loves (2011), o quarteto mantém as mesmas tendências oitentistas, porém, deixando de lado o synthpop básico que se apropria do trabalho de boa parte das bandas do gênero e construindo um tipo de som muito mais focado no experimental. Soando como um Yeasayer do disco Odd Blood (2010), porém de forma mais obscura, o grupo se especializa na criação de faixas, que embora pendam para uma orientação muito mais ambiental e com foco nas texturas, centraliza seus rumos para o desenvolvimento de faixas dançantes.

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Faixas como Sails exemplificam o que pode ser encontrado em grande número dentro do álbum. Começa com o extenso uso de sintetizadores (lembra muito Silence Shout do The Knifes), sempre de forma ponderada, posteriormente começam as batidas, os vocais e o clima cresce, tragando o ouvinte para dentro de suas formas sintetizadas e levemente soturnas. Em outros momentos, como em Last Minute, o quarteto abandona temporariamente o uso dos teclados e foca de maneira excepcional no uso de guitarras, baixo e bateria, trazendo as expressivas influências do post-punk dentro do disco, honrando artistas como The Cure e (principalmente) Depeche Mode.

Além da faixa título, que segue por um direcionamento entusiasmado é através da quase clichê Bring Us Closer Together (com alguns teclados que lembram muito When We’re Dancing do Twin Shadow), que a banda revela seu lado mais pop e até divertido. A canção que chega carregada de uma boa dose de “Anos 80” em suas frequências – com direito a bateria com eco, teclados chiclete e vocais que explodem no refrão – acaba se distinguindo do clima obscuro que comanda o restante do trabalho, surgindo como um dos grandes hits de 2011.

Bem mais do que um registro para saudosistas, o novo álbum do Hooray For Earth prima pelo diálogo entre suas composições. A temática lançada no começo do trabalho permanece a mesma do princípio ao fim do disco, não apenas se aproveitando dos sons conceituais da década de 1980, mas brincando com os ritmos e sons propostos pelo período. O que torna o álbum excepcional é a maneira com que os integrantes do grupo exploram seus instrumentos, acrescentando a cada uma das faixas algo novo, mesmo que mínimo, mas de extrema relevância.

True Loves (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Twin Shadow, PURITY RING e Adventure
Ouça: True Loves

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.