Disco: “Ukulele Songs”, Eddie Vedder

/ Por: Cleber Facchi 09/05/2011

Eddie Vedder
Singer-Songwriter/Folk/Alternative
http://www.pearljam.com/

Por: Fernanda Blammer

É muito provável que nem Eddie Vedder tivesse noção das vias que acabaria percorrendo em seu primeiro trabalho solo, Into the Wild, disco feito por encomenda para ilustrar a película homônima (Na Natureza Selvagem) dirigida por Sean Penn em 2007. Quem esperava por um músico aos mesmos moldes daqueles encontrados ao lado do Pearl Jam teve uma surpresa mais do que agradável, afinal, o velho músico cabeludo, lembrado sempre pelos sons sujos que o acompanham, convertia-se em um quase hippie, destilando composições acústicas, repletas de letras suaves, através de vocais ainda mais brandos.

A surpresa em ver o eterno roqueiro de Seattle confortavelmente afundado em sons amenos não se resumiu apenas ao trabalho feito por encomenda, tanto que para o novo disco, Ukulele Songs (2011), Vedder se entrega ainda mais tranquilo e suavizado em um conjunto de 16 faixas que falam sobre a vida, amores e o mar. Quem achava que assistir Amanda Palmer interpretando clássicos do Radiohead munida apenas de um Ukulele seria o máximo dessa instrumentação, não sabe o verdadeiro presente que o norte-americano preparou, utilizando basicamente do mesmo instrumento para dar forma às suas canções.

Feito para ser ouvido de frente para o mar, de preferência com os pés descalços sendo tocados pelas ondas, o segundo disco solo de Vedder parece menos tímido que o álbum anterior, além de despontar um caráter muito mais intimista, porém não melancólico. É quase possível recriar um cenário onde o músico permanece sozinho e sentado nas rochas, enquanto assiste ao impacto das ondas abaixo de seus pés, dedilhando seu pequeno Ukulele.

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Em alguns momentos, porém, Vedder não está sozinho, recebendo momentaneamente a visita de alguns parceiros, que partem tão rapidamente quanto chegam. O primeiro a se aproximar é Glen Hansard (The Frames, The Swell Season), que fazendo coro em Sleepless Night deixa que a melancolia se estenda por alguns minutos dentro do álbum, como se um fino penumbra baixasse sobre a canção. A simplicidade instrumental permite que os vocais se assentem delicadamente nos ouvidos, gerando um dos mais concentrados do álbum.

Se os vocais graves dos dois cantores conseguem proporcionar um sentimento mais do que agradável à faixa, Toninght You Belong To Me, em parceria com Chan Marshall (Cat Power) transforma-se em um dueto repleto de nuances vocálicas variadas e ainda mais açucarado. A oposição de vozes, soando entre o doce e o amargo, embora curta (a faixa tem menos de dois minutos) revela-se suficientemente interessante, com os opostos se complementando em um exercício de pura sensibilidade e confissão. Chega até a soar estranho ouvir as demais canções do disco sem o mesmo encontro, talvez por isso Vedder tenha deixado as duas participações próximas do fim do registro.

Assim como em Into The Wild Vedder eliminava todos os excessos, dando vida a um álbum que prendia por sua emoção, com Ukulele Songs – que também irá se converter em DVD, com o músico interpretando covers, composições próprias e clássicos do Pearl Jam – o cantor não apenas repete a fórmula, como se entrega de maneira ainda mais simplista e sensível. Há um limite dentro do disco, e ele, felizmente, nunca é ultrapassado, fazendo disso o grande acerto do trabalho.

Ukulele Songs (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Pearl Jam, Cat Power e Glen Hansard
Ouça: You’re True

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.