Críticas

Kendrick Lamar

: "Untitled Unmastered"

Ano: 2016

Selo: Top Dawg / Aftermath / Interscope

Gênero: Hip-Hop, Rap

Para quem gosta de: SchoolBoy Q, Jay Rock

Ouça: untitled 05 | 09.21.2014, untitled 07 | 2014 - 2016

8.5
8.5

Resenha: “Untitled Unmastered”, Kendrick Lamar

Ano: 2016

Selo: Top Dawg / Aftermath / Interscope

Gênero: Hip-Hop, Rap

Para quem gosta de: SchoolBoy Q, Jay Rock

Ouça: untitled 05 | 09.21.2014, untitled 07 | 2014 - 2016

/ Por: Cleber Facchi 09/03/2016

 

Produzido em um intervalo de quase dois anos, To Pimp a Butterfly (2015), terceiro álbum de estúdio de Kendrick Lamar, está longe de se limitar ao conjunto de 16 composições que abastecem a obra. Prova disso está no bem-sucedido Untitled Unmastered (2016, Top Dawg / Aftermath / Interscope), uma coletânea com oito faixas inéditas que resgata parte da atmosfera, time de colaboradores e elementos orquestrados pelo rapper californiano há poucos meses.

De essência experimental, mergulhado no mesmo jogo de arranjos jazzísticos que abasteceram o disco lançado em 2015, Untitled Unmastered transporta a música, rimas e temas incorporados por Lamar para dentro de um ambiente tão acessível quanto complexo. São atos instrumentais extensos, versos que passeiam pelo R&B/Soul dos anos 1970, diálogos e coros de vozes que dançam com leveza enquanto o time de músicos comandado por Stephen Bruner (Thundercat) muda de direção a cada curva do álbum.

Rimas marcadas pela angústia, fé, preconceito, melancolia e toda a base política que há tempos orienta o trabalho de Lamar, insano em cada fragmento de voz, correndo desesperado ao fundo do imenso pano instrumental montado para o disco. Ainda que a inaugural untitled 01 | 08.19.2014. indique a construção de uma obra provocante, no melhor estilo Outkast em Aquemini (1998), faixa após faixa, o ouvinte é arrastado para dentro do mesmo ambiente cinza, essencialmente pessimista, que move as canções de To Pimp a Butterfly.

Peça “mais recente” do disco, untitled 07 | 2014 – 2016 parte da mesma base crescente que abastece as primeiras canções, porém, aos poucos revela ao público um novo acervo de rimas e possibilidades. São três diferentes atos, diálogos com o universo particular do rapper (“Levitate, levitate, levitate, levitate / Love won’t get you high as this”), temas políticos e raciais que passeiam por diferentes cenários em um curto espaço de tempo. Nada que se comparte ao brilhantismo de Lamar e do time de colaboradores em untitled 05 | 09.21.2014.

Enquanto o baixo ascendente, batidas e o saxofone de Terrace Martin cria um ambiente atormentado, propositadamente instável, um coro de vozes abre passagem para o rapper, deixando correr uma sequência violenta de rimas. “Genocism and capitalism just made me hate / Correctionals and these private prisons gave me a date / Professional dream killers reason why I’m awake”, despeja Lamar em uma espécie de ponte lírica para o mesmo debate sobre racismo e criminalidade que abastece parte do trabalho anterior.

Arranjos, batidas e rimas que partem da mesma base conceitual dos últimos trabalhos do rapper, mas logo invadem um cenário de parcial ineditismo. Acompanhado de perto pelo mesmo time de parceiros de To Pimp a Butterfly – entre eles Jay Rock, Ab-Soul, SZA e do já citado Thundercat -, Kendrick Lamar cria uma obra que não apenas se conecta de forma criativa ao registro entregue em 2015, como aponta a direção para os futuros trabalhos do norte-americano.

 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.