Disco: “Velociraptor!”, Kasabian

/ Por: Cleber Facchi 10/09/2011

Kasabian
British/Indie Rock/Alternative
http://www.kasabian.co.uk/gb/home/

 

Por: Cleber Facchi

Enquanto a quase totalidade da bandas britânicas pareciam seguir (ou ainda seguem) por uma via musical similar, enfadonha e pouco inventiva, o quinteto de Leicestershire, Kasabian sempre deu formas a um tipo de som distinto, uma completa oposição ao que seus conterrâneos pareciam interessados em desenvolver. Afastados do resgate ao pós-punk britânico que ainda hoje delimita a sonoridade de nove em cada dez bandas inglesas, o grupo sempre esteve um passo à frente de todas suas bandas que residem em sua vizinhança, apostando (quase) todas suas fichas no revisitar da cena musical de Manchester no começo dos anos 90, algo que se repete de maneira bem conduzida em seu quarto e mais novo álbum.

Dono de um ritmo completamente distinto do anterior (e ótimo) álbum da banda – The West Rider Pauper Lunatic, de 2009 –, em Velociraptor! (2011, RCA/Columbia) o quinteto deixa de lado o flerte com o rock dos anos 60/70, voltando toda sua produção musical para uma fórmula que remete diretamente ao primeiro e homônimo trabalho da banda. Longe do caráter orgânico que parecia movimentar Fire, Where Did All The Love Go?, Vlad The Impaler e todas as grandes composições do último disco, em seu novo álbum a banda transita por um universo de canções sintetizadas, mais plásticas e que se dividem entre doses de psicodelia e passeios pela música eletrônica.

Se anteriormente a herança deixada por Bobby Gillespie do Primal Scream era o que parecia delimitar toda a sonoridade do grupo inglês, agora, além das incontáveis transições pelas acústicas de Screamadelica e (principalmente) Vanishing Point, o grupo ruma em busca de um novo catálogo de referências. Days Are Forgotten, primeiro single do álbum mostra muito do que a banda parece trazer da melhor fase do Happy Mondays – entre o fim dos anos 80 e inicio dos 90 -, pintando as batidas da canção com um suingue lesado que se transformaria em clássico imediato se ecoado nos interiores do memorável clube noturno Haçienda.

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Dan, The Automator – um dos grandes produtores de hip-hop em atividade e parceiro de artistas como Gorillaz, Dr. Octagon e DJ Shadow – volta em Velociraptor! para repetir a boa parceria gerada através do último trabalho da banda, sendo ele o responsável pela inclusão de um vigoroso naipe de metais em alguns momentos estratégicos do álbum, bem como uma estrutura musical cercada de beats dançantes e uma condução que em diversos momentos do disco beira o épico. Variado, o disco se apresenta como o trabalho mais experimental da banda, capaz de proporcionar tanto músicas colossais como Acid Turkish Bath (Shelter From The Storm), quanto canções mais simples e voltadas diretamente para a dança, como Re-wired.

Claro que nem tudo são flores no novo disco do Kasabian. La Fee Verte, por exemplo, com seu ritmo arrastado e entrecortado por um arranjo de cordas extremamente sonolento quebra totalmente o bom ritmo que o disco vem tomando desde sua abertura, sendo melhor posicionada no fechamento do álbum ou simplesmente riscada da tracklist do trabalho. Contudo, a série de boas faixas que chegam na sequência rapidamente retomam o bom desenvolvimento do disco, que vai se encaminhando para a chegada da potente, Switchblade Smiles, de longe uma das melhores e mais intensas músicas de 2011, faixa que rapidamente destrona antigos clássicos do grupo como Underdog ou Club Foot.

Fazendo com que o ouvinte flutue em uma nuvem de sons chapados e completamente instáveis, cada segundo dentro de Velociraptor! soa como uma grande surpresa aos apreciadores do álbum, com cada faixa, mesmo se mantendo dentro de certo limite, envergando por um caminho totalmente particular. Mesmo longe de superar a unidade instrumental gerada em The West Rider Pauper Lunatic, o novo álbum do Kasabian não decepciona, mantendo o grupo no topo dos grandes representantes do britrock atual, sem medo de arriscar ou viver do básico.

 

Velociraptor! (2011, RCA/Columbia)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Black Rebel Motorcycle Club, Franz Ferdinand e Foals
Ouça: Switchblade Smiles

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.