Disco: “Verde Terrace”, Curren$y

/ Por: Cleber Facchi 10/09/2011

Curren$y
Hip-Hop/Rap/Alternative
http://www.myspace.com/flyspitta

 

Por: Pedro Ferreira (@pedrohenriqueof)

Ah o Mestre Cartola. Incomensurável é a sua contribuição à música brasileira. Sua atuação vai muito além disso: a música de sua lavra, mais do que afirmar que o samba pode ser um veículo de genialidades, ajudou na criação da própria identidade nacional. A arte, no Brasil, não seria o que é hoje se o Sr. Angenor de Oliveira não tivesse impulsionado e inspirado artistas diversos com seu vasto e incomparável legado.

E o que ele tem a ver com a presente mixtape? Não faço a mínima ideia. Sério, pesquisei, pesquisei e pesquisei mais um pouco, e nem o poderoso Google pôde me dar uma mísera dica de qual é a ligação de Curren$y e Dj Drama, os gringos que capitanearam o trabalho em epígrafe, com nossas terras. A admiração ao ídolo transcende as fronteiras geográficas? Certamente, mas não acho que tenha sido isso que ocorreu aqui.

Verde Terrace é a mais nova Official Mixtape de Curren$y, em parceria com DJ Drama. Depois que Spitta se desvinculou da Young Money Entertainment, gravadora fundada por Lil Wayne – dono de uma apresentação deplorável no encerramento do VMA 2011 –, deixou seu talento fluir mais à vontade, sem influências estranhas à sua convicção artística pessoal. Resultado: neste ano, quando mal entramos em seu nono mês, Curren$y já deu à luz quatro trabalhos, dois álbuns de estúdio – Weekend at Burnie’s e Muscle Car Chronicles –  e mais duas Mixtapes – Return to The Winners Circle e Verde Terrace.

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Voando livre, Curren$y demonstra talento, sim. Seu descontraído flow não soa falso, é dizer, se desenrola naturalmente, diferentemente de muitos dos rappers surgidos em sua safra. Além disso, seu tom frequentemente soturno faz lembrar – veja bem, eu disse faz lembrar – por vezes The Notorious B.I.G., que tanto popularizou o Hip Hop de caráter depressivo. Mas os elogios, infelizmente, param por aqui.

O problema desse trabalho é simples e direto: a temática. A produção é muito bem executada, mas as letras não variam muito de faixa pra faixa. Aliás, não variam, nem mesmo, se comparadas com a cena Hip Hop do mainstream. Rodeiam os carros, as mulheres, e o fumo. Mais carros, mais mulheres e mais fumo – muito fumo, diga-se de passagem. As rimas começam a ficar interessantes quando passam a descambar pro ódio, o que é muito bem executado nas três últimas faixas, mas aí já é tarde demais: a impressão de “mais do mesmo” já foi inoculada no ouvinte.

Não é um trabalho ruim, de forma alguma, mas peca por não ser inovador em quase nada. Conclusão: talentoso, Curren$y é. Bem produzido, sem dúvida. Vontade também não lhe falta. Mas, como diria o modelo da capa, o mundo é um moinho, de fato: saiu de uma grande gravadora para dar mais vazão ao seu rap, sem sofrer influências fonográficas, mas acabou triturando seus objetivos caindo numa mesmice sem precedentes.Disco “Verde Terrace”,

Verde Terrace (2011, Independente)

 

Nota: 6,0
Para quem gosta de: Wiz Khalifa, Big K.R.I.T e Drake
Ouça: Cartola, de preferência. Do disco? Pinifarina, Music To Ride To e Ways To Kill’em

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.