Disco: “Veronica Falls”, Veronica Falls

/ Por: Cleber Facchi 15/09/2011

Veronica Falls
British/Indie Pop/Lo-Fi
http://www.myspace.com/veronicafallshard

 

Por: Fernanda Blammer

“Pop noir”, por mais estranha que pareça a expressão inventada pelos membros do grupo londrino Veronica Falls para definir suas composições, essa parece ser a titulação mais adequada ao conjunto de 12 faixas que delimitam o primeiro e homônimo registro da banda. Lançado pelo selo independente Bella Union, o álbum se mantém constantemente flutuando em uma sequência de sons que vão do doce ao amargo em poucos segundos, tudo isso enquanto uma coleção de guitarras tingem de maneira ruidosa e sombria cada etapa do disco, transformando-o em um pequeno condensado de ritmos, texturas e versos deliciosamente variados.

Talvez por suas exposições de guitarras precisamente distorcidas, além de um apego ao jogo de sons que ecoam o The Velvet Underground do clássico disco de 1969, natural seria observar a banda como alguma nova expoente do rock californiano ou quem sabe até um novo representante da cena nova-iorquina. Entretanto, o pequeno emaranhado de sons abafados que aos poucos vão tomando conta do álbum mostram que a grande herança da banda vem mesmo do território britânico, algo bem representado na forma despojada e pop com que o grupo se volta ao clássico Loveless do My Bloody Valentine.

Além do pequeno arsenal de referências diluídas de maneira branda e puramente adocicada em vários momentos do álbum, os ecos da música pop britânica que surgem diretamente das décadas de 1960 e 70 se manifestam como elementos mais do que fundamentais para a boa construção do registro. Entre canções que falam de amor e pequenas adversidades do cotidiano, o dueto formado por Roxanne Clifford e Patrick Doyle lentamente vai hipnotizando o ouvinte com seu cruzamento vocal agridoce, fazendo com que cada uma das canções do álbum carreguem um grandioso catálogo de sensações ora românticas e suavizadas, ora dolorosas e repletas de amargor.

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Ciente dos limites e também das ambições da banda – que fica completa com James Hoare e Marion Herbain -, Guy Fixen, produtor do disco e engenheiro de som que já trabalhou ao lado de grupos como Pixies, Stereolab, além da já mencionada banda de Kevin Shields, de maneira hábil costura todas as faixas do álbum de forma que elas ecoem intimamente próximas e capazes de proporcionar uma sonoridade agradável que acaba por circundar toda a obra. Dessa forma, mesmo longe de se anunciar como um projeto grandioso, o registro acaba conquistando o ouvinte por sua concisão e a ótima relação entre as faixas, canções sempre melódicas, pacatas, mas ainda assim capazes de prender o ouvinte em poucos segundos.

Lembrando em alguns momentos outros projetos de porte mediano e que foram lançados em 2011, como Idle Labor do Craft Spells e Prom da banda nova-iorquina Grooms, o disco vai sem grandes esforços reproduzindo um som agradável, que mesmo que acabe esquecido na manhã do dia seguinte garante durante alguns minutos um resultado satisfatório. Por mais que sua totalidade revele uma composição nada inventiva, a maneira delicada com a banda entrelaça sua instrumentação e seus versos garantem um resultado suficientemente capaz de cativar qualquer um que esbarre com o disco.

O álbum acaba repassando a frequente sensação de que o quarteto busca constantemente por um som controlado, não como um reflexo de seus limites como músicos, mas por opção, como se ao explorar uma sonoridade despretensiosa e frágil o grupo alcançasse seu melhor resultado. Tal constatação não chega a ser um erro, afinal, à medida que vamos nos acostumando com as suaves projeções musicais da banda, mais acabamos absorvidos por elas, não sendo nem um pouco estranho após algumas audições do disco nos pegarmos cantarolando músicas como Stephen, Right Side of My Brain ou outras boas canções que se abrigam no interior do álbum.

 

Veronica Falls (2011, Bella Union)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Craft Spells, Grooms e Dum Dum Girls
Ouça: Right Side of My Brain

 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.