Disco: “Virtue”, Emmy The Great

/ Por: Cleber Facchi 13/06/2011

Emmy The Great
British/Indie/Female Vocalists
http://www.myspace.com/emmythegreat

Por: Fernanda Blammer

Se a sua vida segue de forma amargurada, tudo parece dar errado, então nada melhor do que uma boa dose de composições adocicadas para reverter isso. Basta apenas uma pequena colherada de Emma-Lee Moss e pronto, nada mais de dias amargurados e sensações ruins. Desde 2005 à frente do projeto Emmy The Great, a musicista inglesa lança agora seu segundo trabalho de estúdio, Virtue (2011), disco que sucede o bem recebido First Love de 2009 e que evidencia uma grande melhora no trabalho da cantora.

Diferente da onda de artistas como Marina and The Diamonds e Florence + The Machine que usam de uma instrumentação orquestrada envolta em contornos grandiosos para exporem suas obras, Moss parece seguir por uma sonoridade contrária. Embora a base seja a mesma, com as canções propondo um som mais amplo, recheado por instrumentos variados é na calmaria que a britânica encontra seu ponto de equilíbrio. Enquanto em sua estreia uma climatização pacata temperava todas as faixas, com o segundo disco há um perceptível crescimento, embora o controle ainda exista, e as músicas se derramem em tranquilidade.

Além do tradicional arranjo folk que dava destaque à estreia da musicista, em Virtue a fluência do trabalho cresce pontuada pela inserção cuidadosa de teclados, uma percussão condizente com o clima brando das faixas e um arranjo de cordas que trazem ao registro certo toque de melancolia. A maneira preguiçosa com que as faixas vão moldando o álbum entregam certo aspecto matinal, como se em cada novo raio de sol que nascesse no horizonte a fluidez das melodias passasse a tomar novo rumo, sempre de maneira pacata e nunca exagerada.

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Se em First Love Emmy construía um disco que ressaltava seus vocais e também suas letras, com o novo trabalho é a instrumentação que ganha destaque, somando com o que já era explorado com maestria do debut. Além de Moss, o projeto conta com Euan Hinshelwood, Glenn Kerrigan, Tom Rogerson, Ric Hollingbery e Pete Baker, um quinteto de instrumentistas que são os verdadeiros responsáveis por pintar todo o cenário e definir os rumos para que a voz da cantora possa transitar livremente pelo álbum.

Além da fundamental pequena orquestra de músicos que cercam a britânica surge agora a figura de Gareth Jones, produtor do álbum. O músico que já trabalhou ao lado de Depeche Mode, Wire e Erasure deixa de lado as travessias pela eletrônica, post-punk e synthpop para se manter como um verdadeiro maestro dentro do disco. É visível o quanto cada uma das composições parecem intrinsecamente ligadas, como se a faixa de abertura conversasse com a canção que se encontra na sequência, seguindo por essa mesma linha até o encerramento do álbum.

Ao mesmo tempo em que se mantém como um registro adulto e uma evolução do trabalho anterior, Virtue mostra que ainda há muito o que se explorar através do Emmy The Great. Os novos rumos apontados pelo projeto britânico ficam bem claros em faixas como Sylvia, em que há uma clara preferência pelos ritmos eletrônicos (presença de Jones, talvez?) e que mostram que estática não é como Moss pretende ficar.

Virtue (2011)

Nota: 7.2
Para quem gosta de: Slow Club, Laura Marling e First Aid Kit
Ouça: A Woman, A Woman, A Century of Sleep

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.