Disco: “Vroom Vroom EP”, Charli XCX

/ Por: Cleber Facchi 04/03/2016

Charli XCX
Pop/Electronic/Bubblegum Pop
http://www.charlixcxmusic.com/

 

Charli XCX parece assumir uma nova sonoridade a cada novo trabalho em estúdio. Se há poucos meses a cantora e compositora britânica fez de Sucker (2014) um flerte curioso com o “pop punk”, exagerando no uso de vocais berrados e guitarras, com o lançamento de True Romance (2013), primeiro álbum da carreira, elementos do Hip-Hop, R&B e pop “alternativo” indicavam uma artista íntima de um universo completamente distinto.

Em Vroom Vroom EP (2016), mais recente trabalho de XCX e primeiro lançamento do selo Vroom Vroom, comandado pela própria cantora, um novo mundo de possibilidades e temas eletrônicos. Acompanhada de alguns dos principais representantes do (novo) pop inglês, caso do produtor SOPHIE e Hanna Diamond, do selo PC Music, Charli faz do presente registro uma obra que dança pelas pistas de foram esquizofrênica.

Sintetizadores que simulam a aceleração de um carro, batidas e samples posicionados de forma frenética, a voz dividida entre o canto brando e a rima agressiva. Em pouco mais de três minutos, a homônima canção de abertura apresenta todas as regras do novo trabalho de XCX. Uma típica canção de SOPHIE, com seus atos fracionados e constantes alterações de ritmo, estímulo para todo o restante da obra dividida entre o casal.

Em Paradise, segunda canção do EP, um breve respiro. Enquanto XCX e a convidada Hannah Diamond sussurram versos melancólicos, um vocal robótico, carregado de efeitos, cria uma espécie de pano de fundo para a faixa. Em segundos, batidas e ruídos eletrônicos corrompem a suavidade da composição, criando uma ponte curiosa para o material que chega logo em sequência com a instável Trophy.

Inaugurada pelo sample de Pulp Fiction, a terceira faixa do álbum talvez seja a canção que melhor reflete o diálogo entre XCX e o parceiro de produção. Em uma sobreposição descontrolada de batidas e bases eletrônicas, o casal atravessa o mesmo território musical de artistas como M.I.A.e Missy Elliott, solucionando em poucos segundos a relação entre o pop eletrônico de SOPHIE e o canto essencialmente pegajoso da cantora.

Para o fechamento do disco, Secret (Shh) cria uma ponte curiosa para o trabalho de XCX em True Romance. Entre batidas e encaixes minimalistas, o mesmo pop descomplicado, toques pontuais de R&B/Hip-Hop e até temas extraídos da década de 1990; elementos que serviram para apresentar o trabalho da cantora há três anos. Pouco mais de 12 minutos, quatro faixas e uma seleção de versos melancólicos/dançantes que funcionam tão bem quanto uma obra “completa”.

 

Vroom Vroom EP (2016, Vroom Vroom)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Hannah Diamond, Azealia Banks e Icona Pop
Ouça: Vroom Vroom e Trophy

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.