Disco: “Wander / Wonder”, Balam Acab

/ Por: Cleber Facchi 19/08/2011

Balam Acab
Electronic/Witch House/Experimental
http://www.myspace.com/thebalamacab

Por: Gabriel Picanço

Balam Acab é o projeto do jovem Alec Koone, da Pennsylvania. Com apenas 20 anos, o produtor já havia mostrado o seu potencial ao lançar o EP See Birds em 2010. Um registro sombrio e abafado, onde o jovem compositor (vou chamá-lo assim, com todo respeito aos demais produtores de música eletrônica) mostra ao que veio: fazer música sincera e de qualidade. Assim, sem falar muito e mostrando um trabalho eficiente, aumentaram as expectativa em torno do Wander / Wonder, seu primeiro LP.

Para ajudar na caracterização do som e identificar Balam Acab na cena atual, basta dizer que ele é mais um artista da Tri Angle Records, gravadora que funciona como uma casa para outros músicos “de sonoridade obscura”, como Holly Other e oOoOO, além do classudíssimo How to Dress Well. O álbum é curto, com pouco mais de meia hora em nove faixas mais densas (e tensas) do que as presentes em See Birds.

Welcome, abre o álbum de forma arrepiante, como em um movimento de subida em slow motion, porem constante, que começa com ruídos orgânicos de água fervendo e  batidas de coração, culminando em um emaranhado sonoro de sintetizadores vindos de todas as direções que ocupa cada espaço livre de seus ouvidos e sua mente. Essa e as outras faixas não fogem do que era mostrado anteriormente em outras tracks do Balam Acab. Estão lá o clima etéreo, os vocais ao fundo sempre distorcidos e abafados, a lentidão da melodia e das batidas, influências do hip hop e os sintetizadores viajantes, características da sonoridade witch-house. Porém, mais do que nove simples faixas que repetem uma mesma fórmula, o álbum é a prova do compositor detalhista e talentoso que é o jovem Koone.

Os arranjos de piano em faixas como Oh Why e as cordas inseridas em Expect remetem às referências clássicas assumidas por Alec Koone. Em entrevistas, ele diz ser influenciado por Bach. Mas não é muito ousado afirmar que as linhas melódicas minimalistas, que contrastam com os momentos de descontrole de algumas faixas, têm um forte cheiro de Erik Satie. Aqui, vale dizer que o compositor Francês do início do século também é listado como principal inspiração de outro jovem talento da musica eletrônica que lançou ótimo álbum desse ano, o americano Nicolas Jaar. Satie está na moda, corra atrás.

O som da água, presente em todas as faixas, sem dúvida é um dos principais elementos deste belo e hipnotizante álbum. Mas isso não faz de um Wander Wonder um disco “molhado”, seja o que isso for. Os sons captados por Koone foram inseridos com um detalhadamente, e são discretos. Parece que estavam ali naturalmente, antes mesmo da melodia. E trazem para o disco um aspecto vivo, orgânico, de pedra úmida, como se o álbum fosse gravado em uma floresta fria, ou no fundo de uma caverna.

Fechando o álbum, Fragile Hope começa com uma bela demonstração do que seria samplear a natureza. A sequência de quase 2 minutos montada basicamente com o som de água correndo e gotas caindo é de impressionar, deixar babando e com vontade de ir ai banheiro. Isso até que aparece o primeiro acorde do inesperado e baixo encorpado característico do dubstep, estilo com o qual o produtor também é constantemente relacionado.

Pela quantidade de camadas, ruídos e ecos, Wander / Wonder é uma experiência sonora que pede bons fones de ouvido ou aparelho de som, com o volume bem ajustado, para que seja aproveitada em sua plenitude. Como o próprio artista diz, este é um “álbum para ser ouvido com o volume bem alto”. Sem abusar muito do volume, siga essas recomendações e boa audição. Seus ouvidos agradecem.

Wander / Wonder (2011,  Tri Angle Records)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: How To Dress Well, oOoOO e Shlohmo
Ouça: Apart e Motion

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.