Disco: “Watch Me Dance”, Toddla-T

/ Por: Cleber Facchi 20/07/2011

Toddla-T
British/Dancehall/Grime
http://www.toddlat.com/

 

Por: Cleber Facchi


Aos 14 anos, enquanto a maioria de seus colegas se dividia entre a escola e momentos de descontração, o jovem Thomas Mackenzie Bell resolveu brincar de DJ, invadindo alguns clubes ingleses mesmo sem a idade permitida para sua entrada. Desde cedo interessado pelos ritmos jamaicanos e a música eletrônica que se estabeleceu na Londres do novo século, o rapaz aos poucos foi delimitando sua própria sonoridade, unindo referências do Dancehall, Hip-Hop, Grime e Dubstep, até que em 2009, depois de diversos singles, remixes e participações em coletâneas lançou seu primeiro trabalho de estúdio, o caloroso Skanky Skanky.

Temperando todas suas referências com certo toque de música pop e soul music, o garoto – agora conhecido como Toddla T – conseguiu chamar a atenção de algumas publicações como a NME e a Clash Magazine, o que lhe rendeu alguns bons elogios além de aproximar seu trabalho do cultuado selo Ninja Tune, casa de alguns dos nomes mais importantes da música eletrônica atual, como The Bug, Bonobo e Kid Coala. É através do mesmo selo que o produtor, hoje com 26 anos lança seu segundo trabalho de estúdio, Watch Me Dance (2011, Ninja Tune) álbum que apresenta uma considerável evolução em relação ao seu primeiro trabalho.

Enquanto em sua estreia Bell desenvolvia uma espécie de grande apanhado do que vinha produzindo de forma independente ou através de seus sets, gerando um álbum mais solto e visivelmente amador, em seu recente trabalho o produtor surge de forma mais autoral, coeso e dinâmico. Com um número menor de faixas e um álbum mais curto, Toddla T se livra dos excessos, proporcionado um disco rápido e que segue uma boa condução até seu término. Mais uma vez cercado de boas participações, como o rapper Roots Manuva, o britânico monta um trabalho feito para invadir as pistas.

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Embora seja suave a percepção, Watch Me Dance é um registro que se divide em duas partes, ou em duas sonoridades distintas. Na primeira metade do trabalho, o produtor separa suas composições mais eletrônicas, faixas que tomam uma condução muito mais voltada ao Grime e que de certa forma afastam as referências jamaicanas que tanto caracterizaram sua antiga obra. Surgem músicas mais sintéticas, como Cruise Control (essa voltada ao dubstep) e a faixa título do álbum, com Bell promovendo batidas secas, uso ampliado de sirenes e samplers nada orgânicos. Mesmo que inicialmente essa metade do registro cause certa estranheza, a boa fluência das faixas logo nos habituam ao que é promovido.

É na segunda metade do álbum, ou de maneira mais exata a partir da sexta faixa, Badman Flu, que  Toddla T vai aos poucos resgatando suas origens, apresentando faixas que ainda trazem certa artificialidade, mas que lentamente vão se agarrando aos toques de música jamaicana. Quando ecoa How Beautiful It Would Be o disco volta novamente ao eixos, mobilizando uma temática orgânica, mais despojada e carregada de reverberações suingadas e quentes, finalizando o registro através belos exemplares do dancehall, como Lovely Girl e chapada Fly.

Montado para agradar diferentes públicos, Watch Me Dance surge como um verdadeiro respiro em meio ao cenário eletrônico britânico, sempre dividido entre a seriedade, o conceitual e algumas produções desnecessárias. Fácil, mas sem parecer desnecessário, o novo álbum de Toddla T supera sem muitos esforços seu predecessor, gerando uma medida exata entre os artifícios sintéticos e a climatização orgânica. Um registro que comprova o quanto a Jamaica colonizou a Inglaterra e não o contrário.

 

Watch Me Dance (2011, Ninja Tune)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: The Bug, South Rakkas Crew e Lilly Allen
Ouça: Lovely Girl e Take It Back

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.