Disco: “Waving At The Astronaut”, Lifeguards

/ Por: Cleber Facchi 06/02/2011

Lifeguards
Indie Rock/Lo-Fi/Alternative
http://www.myspace.com/lifeguards_pollardgillard

Robert Pollard sempre foi um cara fissurado por trabalho. Entre 1987 e 2004 lançou 16 álbuns pelo Guided By Voices, realizou ao lado da banda inúmeras apresentações, soltou diversas faixas em singles e EPs, isso sem falar em sua carreira solo, a qual já conta com mais de 15 lançamentos de estúdio, além é claro, de suas participações nos trabalhos de outros artistas do cenário independente. Agora o mais novo projeto do músico é ao lado do ex-parceiro do GBV, Doug Gillard (outro que não sabe o que é descanso), através do Lifeguards.

Entretanto esse excesso de projetos e incontáveis gravações não têm sido assim tão benéficos para o músico ícone do cenário independente. Canções repetitivas, falta de entusiasmo e nenhuma novidade é o que tem marcado a carreira de Pollard nos últimos anos. Basta ver Space City Kicks (2011), o último disco solo do compositor lançado neste ano. Um sincero exercício de como destruir sua carreira com um álbum enfadonho e constrangedor. E ao que tudo indica esse Waving At The Astronauts (2011) ao lado do amigo Gillard não é muito diferente disso.

Não se deixe enganar pelos acordes sofisticados que abrem o disco na faixa Paradise Is Not So Bad. As guitarras sujas dos dois músicos já chegam entrecortando a melodia inicial para deixar uma coisa bem clara: ambos os músicos gostam de sujeira. E é nisso que se orienta o som dos guarda vidas. Solos sujos de guitarra e aquele jeitão caseiro de fazer música vão pintando as composições, que lentamente tem paredões de guitarra levantados para dar mais peso ao disco.

Nobody’s Milk vai seguindo com a mesma fórmula da canção inicial. Riffs de guitarra vão solidificando a canção em que a voz de Pollard segue abafada pela gravação precária dada a ela. Visivelmente o cansaço vai se abatendo sobre a composição, algo que se intensifica a partir de (Doing The) Math, um claro exercício repetitivo acompanhado por doses monumentais de mais do mesmo. Em Product Head a falta de entusiasmo é tanta que Gillard não consegue sequer destilar um solo eficiente no meio da faixa. O ouvinte esperto deixaria de ouvir o disco aí. Já os sádicos…

You’re Gonna Need A Mountain tenta até chupar referências do post-punk. Porém a canção acaba se concretizando como uma completa ausência de entusiasmo em que as guitarras enganam o ouvinte o tempo todo, se perdendo em um looping desnecessário de acordes burocráticos. E não adianta nem falsificar ânimo em Sexless Auto, que aí o álbum já está perdido. O ouvinte sádico deixaria de ouvir o álbum aí. Já os inconsequentes…

Waving At The Astronauts ainda segue com Trip The Web, They Called Him So Much, Keep In Orbit e finalmente termina com What Am I?, todas parte de uma completa falta de respeito com o ouvinte. Qualquer indivíduo em perfeito estado de sanidade vai simplesmente deletar esse álbum, botar Alien Lanes (1995) pra tocar e infelizmente lamentar pelo que Robert Pollard e Doug Gillard se tornaram. Vocês já foram muito melhores meus caros.

 

 

Waving At The Astronauts (2011)

 

Nota: 2.0
Para quem gosta de: Robert Pollard, Guided By Voices e Doug Gillard
Ouça: Bee Thousand (1994) ou Alien Lanes (1995) e veja como esses caras foram bons

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.