Disco: “We Are The Lost Loves”, Young Heretic

/ Por: Cleber Facchi 08/12/2010

Young Heretic
Australian/Indie/Piano
http://www.myspace.com/youngheretics

 

Existem discos que ficam marcados pelos vocais de seu intérprete, outros ganham destaque através da instrumentação e há ainda aqueles que conseguem unir os dois elementos. We Are The Lost Loves, trabalho de estreia da dupla australiana Young Heretic, faz parte deste segundo grupo. Instrumentação clássica e eletrônica se unem gerando um disco inspirado e repleto de canções marcantes.

O duo Matt Wright e Kitty Hart segue o trabalho iniciado em 2009, através do EP The Dreamers. O álbum se constitui basicamente de duetos acompanhados pelos pianos de Wright buscando sempre priorizar a doce voz de Hart. A dupla vem fortemente acompanhada de um grupo de violoncelistas e outros instrumentistas clássicos que engrandecem ainda mais as suaves faixas do disco.

We Are The Lost Loves abre com Kitty Hart entoando acapella a sincera Animal War, ao fundo uma base quase inaudível de teclado prepara o terreno para o primeiro single do álbum: The Lost Loves. A faixa inicia em meio a batidas programadas eletronicamente, mas logo abre espaço para que pianos introduzam o dueto entre Wright e Hart. De repente a música cessa, e Kitty segue ao som de um piano, para então retornar ao final crescente da faixa. Na sequência Risk/Loss vem imersa em um misto de eletrônica e teclados ruidosos ao fundo, em uma canção que se encaixaria com tranquilidade em qualquer disco da Björk.

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Dark Prince parece Cat Power, até a voz de Hart se altera para contribuir para o clima denso da faixa. Noah’s Ark segue com uma sonoridade obscura e abre espaço para que a voz de Matt Wright possa brilhar. Contudo é em I Know I’m a Wolf que o músico demonstra verdadeiramente seu poderio, tanto na voz, quanto na instrumentação. Wright domina os quatro minutos da canção sozinho, acompanhado apenas de seu piano. A instrumental Dream Sequence é apenas um prelúdio para o que viria na épica Bones Of a Rabbit, em que os vocais de Hart explodem.

A experimental 010100110100111101010011 é uma das poucas faixas fracas do disco, entretanto isso é irrelevante quando somos presenteados pela canção seguinte. Come Together é um duelo entre os dois vocalistas que culmina em um final apoteótico com direito a distorções na voz de ambos e um refrão pegajoso. Trapperkeeper fecha o disco em meio à experimentalismos jazzísticos que poderiam sem dúvidas ser inseridos nas demais faixas do álbum.

 

We Are The Lost Loves (2010)

1.   Animal War
2.   The Lost Loves
3.   Risk/Loss
4.   Dark Prince
5.   Noah’s Ark
6.   I Know I’m a Wolf
7.   Dream Sequence
8.   Bones of a Rabbit
9.   010100110100111101010011
10.   Come Together
11.   Trapperkeeper

 

Nota: 8.3
Para quem gosta de: Björk, Zola Jesus e Beach House
Ouça: Come Together

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.