Disco: “Welcome Oblivion”, How to Destroy Angels

/ Por: Cleber Facchi 22/02/2013

How to Destroy Angels
Experimental/Electronic/Industrial
http://howtodestroyangels.com/

Por: Bruno Leonel

How To Destroy Angels

Em 2009,  Trent Reznor uma das figuras mais ativas e incansáveis da música durante os anos 1990 – e também boa parte dos 2000 – anunciou que colocava o Nine Inch Nails em pausa. Era no mínimo inusitado que uma banda tão elogiada por público e crítica optasse por um hiato nas atividades em meio a uma fase de total auge criativo. Haveria algum problema? Ou era apenas uma trégua necessária? Talvez a pausa fosse um sinal da necessidade do músico em fazer algo diferente, buscar renovação e, quem sabe até, tocar com outras pessoas.

De fato, foi mais ou menos o que aconteceu, inquieto como só ele consegue ser, Trent nem de longe se afastou de projetos musicais após o hiato. Logo em 2010, o músico gravou a premiada trilha sonora do filme A Rede Social (com o parceiro Atticus Ross) e pouco tempo depois anunciou a criação de uma nova banda, intitulada How to Destroy Angels. Aparentemente com um enfoque maior no coletivo do que o NIN, o novo projeto trazia em sua formação, além de Ross, Rob Sheridan e a cantora Mariqueen Manding (esposa de Reznor). O grupo lançou alguns EPs que tiveram boa repercussão e agora em 2013 apresentam o aguardado álbum de estreia, intitulado Welcome Oblivion (2012, Columbia).

Ao contrário do que pode parecer pela curta trajetória da banda, e pelo som apresentado nos primeiros EPs, o disco de estreia do HTDA apresenta sonoridades variadas e bem diferentes do que os trabalhos anteriores de Reznor. Ao longo das 13 faixas, é notável como a presença dos novos integrantes, sobretudo de Mariqueen nos vocais, parece ter injetado novas cores e nuances aos já conhecidos climas pesados pelos quais o NIN se tornou popular. A sonoridade aqui é menos rítmica e mais atmosférica. Continuam os andamentos quebrados e texturas eletrônicas, mas no decorrer do presente álbum, tudo aparece em uma roupagem mais sombria e naturalmente etérea.

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Na canção Keep it together por exemplo, o vocal quase sussurrado de Manding circundado por sons cheios de eco carrega de leveza o ritmo claustrofóbico e robotizado que guia a canção. Um clima que quase lembra o Trip-Hop construído pelo Massive Attack ao final da década de 1990. Ice Age por sua vez, tem uma estranha levada acústica combinada à elementos eletrônicos. Isso sem contar com o estranho andamento no ritmo  marca que, em complemento ao esforço de Manding, a transforma em uma das faixas mais coesas de todo o trabalho. O estilo mais usual de composição de Trent aparece forte em And the Sky began to scream. Batidas metálicas, efeitos eletrônicos e distorções sustentam a canção rumo a um final envolvente, q ue sem dúvidas apresenta  um belo exercício de melodia e tensão justapostos.

Já a faixa On the wing traz camadas eletrônicas com ar retrô, quase como se emulasse uma canção synthpop feita no fim dos anos 80 – qualquer semelhança com faixas de Pretty Hate Machine, celebrada estréia do NIN, não deve ser mera coincidência. How Long? abre com um inusitado vocal em coro e refrão crescente que resulta em um clima grandioso para a faixa. Chegando ao fim do disco We Fade Away abre com um ruido que parece emular um monitor cardíaco de hospital. Acompanhando os batimentos de alguém cuja vida está prestes a acabar, a faixa vai acrescentando novos sons e pouco a pouco resulta em uma mosaico complexo de camadas sobrepostas. A quase instrumental Recursive self-improvement segue cadenciada e frenética em seus mais de seis minutos, clima fantasmagórico e batidas repetidas a exaustão tornam a faixa umas das mais difíceis do trabalho. A belíssima Hallowed Ground com um clima noturno fecha o trabalho de forma espectral. O andamento lento pontuado por um piano melódico, parece ser uma tentativa de interromper o que em algum momento ficou carregado pela sonoridade mais densa de faixas anteriores.

De fato a banda parece muito bem resolvida em o disco de estreia. Belos arranjos aliados à uma produção impecável – assinada por Alan Moulder –, dão ao conjunto uma qualidade impressionante. Para os fãs mais radicais do NIN,  Welcome Oblivion talvez não surpreenda, mas ao menos deve servir para aguardar a “folga” de Reznor antes que ele retome sua antiga banda. Em 2012 o próprio músico afirmou que voltaria a escrever material para sua antiga banda em breve, entretanto, com o disco recém-lançado do HTDA e com a turnê que já possui várias datas confirmadas, é provável que “em breve” demore mais do que o previsto.

 

Welcome Oblivion

Welcome Oblivion (2013, )


Nota: 8.0
Para quem gosta de: Nine Inch Nails, Atticus Ross e Trent Reznor
Ouça: Ice Age, And the Sky begin to scream e Hallowed Ground

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.