Disco: “Welcome to Condale”, Summer Camp

/ Por: Cleber Facchi 28/10/2011

Summer Camp
British/Indie Pop/Lo-Fi
http://www.myspace.com/summercampmusic

 

Por: Fernanda Blammer

Com apenas o título, os integrantes ou simplesmente a capa do primeiro álbum da dupla Summer Camp já teríamos motivos mais do que suficientes para desconfiar que se trata de mais uma dupla norte-americana influenciada por toda a onda de artistas consumidos pelo sol forte e o ritmo do verão. Vibrações praieiras, composições recheadas de reverberações lo-fi, areia, mar e toda aquela sonoridade lesada que se anuncia em trabalhos do gênero. Entretanto, é possível encontrar algo mais no trabalho realizado pelo casal Elizabeth Sankey e Jeremy Warmsley.

Aos que viam em Better off without you, primeiro grande single da dupla uma possível ligação com o trabalho de grupos como Tennis e Best Coast, os minutos iniciais de Brian Krakow, segunda faixa do trabalho de estréia da banda, já aponta que os rumos aqui são outros. Composto de 12 canções, Welcome to Condale (2011, Pledge Music) acaba fluindo através de uma tendência muito mais eletrônica do que qualquer recente exaltação aos sons acalentados do surf-rock-lo-fi que vem das praias norte-americanas.

Carregado de sintetizadores e pendendo em diversos momentos para um terreno mais esquizofrênico do que pop e pegajoso em si, o disco abre um pequeno leque de novas experiências. Se por um lado faixas como Last American Virgin, Down e o já mencionado primeiro single afastam o casal da mesmice esbanjada em solo britânico, por outro lado I Want You, Losing My Mind e demais faixas do álbum proporcionam outro sentido ao projeto, que acaba inclusive temperado por pequenas doses de experimentos eletrônicos.

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Essa constante dicotomia do registro acaba impedindo que o álbum se perca em possíveis repetições ou excessivas similaridades ao trabalho de outros expoentes do mesmo estilo – em alguns momentos a dupla soa como um Cults menos orgânico -, contudo, é aí que também reside o erro do trabalho. A constante troca de som e a continua instabilidade de gêneros que delimitam o registro acabam por converter Welcome to Condale em um registro confuso, é impossível saber o que de fato a dupla britânica pretende desenvolver.

Se em Done Forever a busca do casal é por um synthpop obscuro, a faixa seguinte, Last American Virgin, rompe isso por completo, com a dupla sendo cercada por uma maré de sons calorosos e que parecem compor a trilha sonora para um pôr do Sol na praia, um oposto do que a inconstante Ghost Train com seu ritmo quebrado acaba proporcionando. Em alguns momentos a sensação é de que estamos nos deparando com um registro conjugado de duas bandas opostas tamanha a distinção entre as faixas.

Ao mesmo tempo em que algumas composições conseguem proporcionar grande destaque ao registro, outras parecem simplesmente prejudicá-lo. É o caso de Nobody Knows You e 1988, que parecem simplesmente se desenvolver de maneira externa ao fluxo do registro, não dialogando com nenhuma das possíveis duas vertentes da obra. Se Sankey e Warmsley acreditavam que apenas um hit seria o suficiente para segurar o trabalho, talvez seja melhor rever essa estratégia, afinal, a continua quebra do trabalho acaba prejudicando, e muito, o bom rendimento da dupla.

 

Welcome to Condale (2011, Pledge Music)

 

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Cults, Tennis e Eternal Summers
Ouça: Last American Virgin e Better Off Without You

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.