Disco: “Welcome to Jalva”, Wannabe Jalva

/ Por: Cleber Facchi 29/06/2011

Wannabe Jalva
Brazilian/Indie Pop/Indie Rock
http://wannabejalva.com/

Por: Cleber Facchi

Se durante décadas foi a industria musical quem definiu os rumos daquilo que seria (ou não) estabelecido como música, fingindo atender aos interesses do público, com a chegada dos anos 2000 e a variedade de estratégias de distribuição/consumo que se estabeleceram, os rumos passaram a ser outros, com o público escolhendo o que quer ouvir e as bandas (ou pelo menos parte delas) produzindo aquilo que quisessem tocar. Fruto óbvio dessa geração, os gaúchos do Wannabe Jalva propõem em seu primeiro álbum de estúdio uma forma de fazer e promover música ao seu próprio gosto, gerando um registro que dialoga de forma coesa com seu público e se materializa atual com o contexto em que estão inseridos.

Há dez ou quinze anos se o quarteto formado por Paulista, Felipe Puperi, Tiago Abrahão e Rafael Rocha tentassem lançar seu trabalho através de métodos tradicionais – recorrendo às Majors -, não restam dúvidas que um sonoro “Não!” era o que viria em cada nova tentativa de produzir seu tão sonhado disco. Munidos de apenas sete faixas, os músicos brincam com os formatos – além do disco virtual, o álbum contou com distribuição via bluetooth em um evento isolado -, sonoridades e passam longe de cantar em português com sua aguardada estreia Welcome to Jalva (2011, Independente).

Mesmo que as estratégias de lançamento apresentadas pela banda tragam ressalto ao pequeno disco é através de um bem solucionado jogo de sons e tendências variadas que o grupo de Porto Alegre traz destaque à sua obra. Do indie rock contemporâneo – Arctic Monkeys pré-Humbug parece ser um dos focos do grupo -, passando por mesclas de eletrônica e música pop no melhor estilo Passion Pit, isso sem esquecer das boas doses de guitarras suingadas – lembrando muito Holger ou Homemade Blockbuster -, o vasto agregado de sons, formas e tendências é o que parece definir o som do Wannabe Jalva.

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Embora sejam fruto de terras sulistas, a maneira como o quarteto apresenta suas músicas parece seguir por um caminho completamente oposto ao que Bidê ou Balde, Cachorro Grande, Cartolas, Pública e toda a marcha de grupos dignos do famigerado “Rock Gaúcho” parecem promover em seus respectivos trabalhos. Seja pelo vocal em inglês ou pela sonoridade que recorta o que há de mais moderno nos ritmos internacionais, o som do WJ dá à eles um caráter totalmente distinto, como se fossem quatro estrangeiros se aventurando em terras tupiniquins.

Essa forte aproximação com os sons alheios ao que é proposto na música nacional acaba servindo como uma verdadeira faca de dois gumes ao primeiro trabalho dos gaúchos. Ao mesmo tempo em que se torna impossível escapar das garras de Come and Go ou das demais canções do álbum (sempre carregadas por refrões entusiasmados e melodias dançantes), impossível não perceber a excessiva similaridade com o que é produzido no cenário estrangeiro e no trabalho de outros grupos (como os acima citados). Falta novidade e identidade ao som do grupo, algo que mesmo as sete composições com sua produção excelente e instrumentação ensaiada não conseguem superar.

Mesmo carente de ineditismos Welcome to Jalva mostra uma banda que está no caminho certo e logo em sua estreia consegue o que muitos veteranos levam décadas ou ainda não conseguiram alcançar em seus discos de estúdio: a mesma força alcançada em suas apresentações ao vivo. Qualquer um que já tenha presenciado o grupo em seus shows sabe que tal fluência pouco se difere em seu concentrado de estúdio, com o quarteto dando formas à um som crescente, explosivo e que se perde em pura celebração.

Welcome to Jalva (2011, Independente)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Holger, Homemade Blockbuster e Copacabana Club
Ouça: Come and Go

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.