Disco: “What For?”, Toro Y Moi

/ Por: Cleber Facchi 22/04/2015

Toro Y Moi
Indie/Psychedelic Pop/Alternative
http://toroymoi.com/

 

Fixar o trabalho de Toro Y Moi dentro de um único estilo, sonoridade, gênero musical nunca foi principal o interesse de Chaz Bundick. Do som ambiental (e letárgico) de Causers of This (2010), passando pelo Soul-Funk-Lo-Fi de Underneath the Pine (2011) até o flerte com o Hip-Hop em Anything in Return (2013), a cada trabalho, o músico original de Columbia, Carolina do Sul buscou conforto em um cenário totalmente novo, instável e repleto de experiências curiosas. Mesmo a curva eletrônica com o projeto paralelo Les Sins, no álbum Michael (2014), soa como uma extensão dos inventos iniciais lançados pelo produtor.

E agora, que direção seguir? A julgar pela sutil manipulação das vozes e instrumental radiante, What For? (2015, Carpark), quarto trabalho solo como Toro Y Moi, talvez seja a obra em que o músico norte-americano mais se aproxima do pop “tradicional”. Presença garantida em alguns dos principais festivais de música ao redor do globo, Bundick apresenta ao público um bem-sucedido acervo de hits, faixas comerciais e pequenos hinos românticos, marca que se faz explícita na estrutura grandiosa estendida entre What You Want e o acorde final de Yeah Right.

Fuga leve do experimento testado até o último disco, Bundick se concentra na produção de canções fáceis, desobstruindo a passagem do “grande público”, hoje autorizado a passear livremente pela obra. Basta voltar os ouvidos para Empty Nesters, primeiro single do álbum. Enquanto Underneath the Pine – com Still Sound – e Anything in Return So Many Details – foram apresentados por faixas de complexidade controlada, em What For? o single de apresentação cresce de forma descomplicada, amarrando vozes e guitarras semi-psicodélicas.

Por falar em música psicodélica, este parece ser outro elemento fundamental para o desdobramento seguro do disco. Apoiado em referências tão atuais, como Tame Impala e Neon Indian, quanto em veteranos como The Beatles – principalmente nas canções mais lentas e românticas da obra -, Bundick parece ter encontrado a cola conceitual do trabalho, impedindo que ele tropece em um registro demasiado simples. Mesmo flertes com o Power Pop podem se encontrados no decorrer da obra, como nas melodias doces de Run Baby Run, um típico exemplar do Teenage Fanclub.

Ao mesmo tempo em que busca pela simplicidade no manuseio dos arranjos, em se tratando das letras, Bundick explora o mesmo conceito, porém, nunca antes pareceu tão “exposto”. Expressiva porção do registro se concentra em personagens reais, paixões antigas ou mesmo tormentos sentimentais do cantor. De fato, toda a segunda metade do trabalho parece marcado pela amargura do artista, cantando sobre amores que não deram certo em Lily, Run Baby Run e Yeah Right, faixas que mesmo conturbadas não perdem a leveza pensada para o registro.

Ato final em um lento processo de refinamento e filtragem dentro da carreira de Toro Y Moi, What For? parece transportar uma série de elementos antes restritos para junto de uma nova parcela do público. Basta perceber como diferentes elementos testados por Bundick ao longo dos anos ainda estão presentes em toda a obra. A diferença está na forma como o músico manipula tamanho acervo de referências de forma leve, simples, mas não menos satisfatória.

 

What For? (2015, Carpark)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Tame Impala, Washed Out e Neon Indian
Ouça: Run Baby Run e Empty Nesters

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.