Disco: “Whatever’s On Your Mind”, Gomez

/ Por: Cleber Facchi 08/06/2011

Gomez
Britpop/Alternative/Rock
http://www.gomeztheband.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Em 1996 quando os britânicos do Gomez fizeram seu primeiro show (na época a banda ainda nem tinha nome), o Reino Unido como um todo estava tomado pela grande guerra do britpop, alavancada principalmente por Blur e Oasis. A carência por novos artistas do gênero fez com que algumas séries de shows pela Inglaterra e um público participativo dessem em 1998 ao grupo de Southport um contrato com o selo Hut Records (morada de Richard Ashcroft, Placebo, entre outros) e consequentemente seu primeiro trabalho de estúdio. Mais de uma década depois, o quinteto inglês segue na construção do mesmo som que os apresentou ao mundo (ou parte dele), alcançando em Whatever’s On Your Mind (2011) seu sétimo álbum oficial.

Quem vem acompanhando a banda – Ian Ball, Ben Ottewell, Tom Gray, Paul Blackburn e Olly Peacock –  desde seu debut e se interessa pela mesma sonoridade lançada pelo britpop ao longo da década de 1990 encontrará neste novo álbum 10 canções do puro rock britânico. Guitarras densas, esbanjando certa sofisticação, uma pequena predisposição à psicodelia, teclados e pianos pomposos são algumas das marcas do recente álbum da Gomez.

Options, I Will Take You There, A Place and The People e Just As Lost As You são exemplos do que o quinteto inglês traz em seu sétimo lançamento. Claramente, o álbum se destaca por não percorrer o mesmo caminho deixado pela última bolacha da banda, A New Tide (2009), um dos piores ou o pior disco já lançado pelo grupo em toda sua carreira, álbum que não se salva nem com a presença de Brian Deck (que já trabalhou com Modest Mouse e Iron and Wine) em sua produção. Entretanto, mesmo bem produzido e instrumentalmente agradável, quem busca por novidade deve passar longe de Whatever’s On Your Mind.

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O álbum todo parece construído para agradar o nostálgico grupo de ouvintes que ainda não constataram um mínimo padrão no que vem se desenvolvendo no rock britânico das últimas duas décadas. Nada do que é proposto pelo Gomez em seu recente trabalho soa de forma inédita ou traz o perfume de algo novo. As guitarras, a bateria, teclados até os vocais de Ian Ball e suas letras parecem exatamente as mesmas de quando a banda lançou seu primeiro álbum há bons anos. Mesmo que as guitarras de Ben Ottewell e os sintetizadores de Tom Gray tentem a todo momento escapar da burocracia redundante que habita o disco, um resultado básico é o que prevalece.

Os momentos menos tediosos do álbum estão justamente nos pontos em em que a banda parte para a exploração de novos tipos de som, como em That Wolf, em que a bateria de Olly Peacock dita as regras para que as teclas de Gray ganhem destaque. Ao mesmo tempo em que a faixa propõem novas regras ao trabalho dos britânicos, esta é a ocasião que o álbum atinge seu momento mais pop e divertido de todo o disco, esquivando-se do condensado em sons sonolentos que acabam expostos no restante do álbum.

Em outras faixas próximas ao fim do álbum, X-Ray e Equalize especificamente, a banda encontra esse mesmo tipo de som, mais dinâmico, nada arrastado e ainda melhor do que qualquer outra coisa que tenham desenvolvido  em seus último trabalhos. É possível afirmar que  Whatever’s On Your Mind torna-se um álbum muito mais agradável quando apreciado de traz para frente do que em sua ordem “correta”. Talvez seja bem isso que os músicos da Gomez precisem, inverter sua própria lógica para transformarem sua musicalidade há muito desgastada.

 

Whatever’s On Your Mind (2011)

 

Nota: 5.0
Para quem gosta de: Ian Ball, Doves e Elbow
Ouça: That Wolf

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.