Disco: “When Fish Ride Bicycles”, The Cool Kids

/ Por: Cleber Facchi 14/07/2011

The Cool Kids
Hip-Hop/Rap/Alternative
http://www.myspace.com/thecoolkids

 

Por: Fernanda Blammer

 

Se existe uma linha que separa um artista do famigerado hip-hop alternativo para a construção de algo comercial, então a dupla Chuck Inglish e Sir Michael Rocks rompeu com esse limite há muito tempo. Embora donos de uma sonoridade que flerta de maneira imoderada com versos fáceis e uma sonoridade radiofônica, a dupla norte-americana que desde 2007 se mantém à frente do The Cool Kids ainda mantém fortes traços com seus primeiros e mais rebuscados registros. É justamente dentro dessa divisão entre a acessibilidade fonográfica e os ecos de um passado recente e não comercial que o duo desenvolve seu primeiro e bem delimitado trabalho de estúdio, When Fish Ride Bicycles (2011, Green Label Sound/ C.A.K.E.).

Diluído em pequenas cargas, a dupla vai aos poucos honrando os beats suaves do passado com versos fáceis e samplers radiofônicos do presente, uma mistura que provavelmente deve posicioná-los como uma das grandes novidades do ano. Se Rush Hour Traffic na abertura do álbum transporta o duo de Chicago para seus primeiros singles, Boomin com participação da iniciante Tennille (figura presente também nas anteriores mixtapes do TCK) abre as portas da dupla para um caminho mais fácil e claramente mais interessante que seus momentos de hermetismo.

Oposto ao que era retratado nas anteriores mixtapes da dupla – That’s Stupid! (2007), Gone Fishing (2009) e Tacklebox (2010) -, em que havia uma necessidade descontrolada em produzir o máximo possível, o que permitia que algumas composições de menor qualidade acabassem também passando pelo registro, em When Fish Ride Bicycles seja por exigência da gravadora ou por uma opção da dupla, todas as composições parecem melhor desenvolvidas, necessárias, com o duo entregando apenas suas melhores produções.

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Parte da boa condução do registro de 11 faixas – algo mínimo perto das longas e antigas mixtapes do grupo – está na ativa participação de Chuck Inglish como produtor do trabalho. Ao contrário do que muitos rappers que saem do anonimato e partem para um selo maior fazem, entregando a condução de seus discos para terceiros, quartos ou quintos (o que aconteceu no último disco de Wiz Khalifa), o controle do álbum ficou nas mãos de Inglish, que acompanhado de seu parceiro conseguiu proporcionar através do disco a mesma funcionalidade aplicada em seus projetos anteriores, quando ainda atuavam de forma independente.

Mesmo que a quase totalidade do álbum esteja situada nas mãos da dupla, a presença de outros produtores e rappers é presença mais do que garantida através do disco. Além de mostrar seus versos em Sour Apples, Travis Barker (Blink 182) se divide na produção da faixa, gerando uma composição que deve tocar fácil nas rádios ou canais de TV. Quem também aparece para dar alguns conselhos na condução do álbum é a também dupla Pharrell Williams e Chad Hugo do The Neptunes, que juntos colaboram na ótima Get Right (uma das melhores do disco) e em Summer Jam, música que fecha o disco, mas que por sua boa condução e seu coro de vocais femininos deveria é abrir o trabalho.

Além dos conselhos dos produtores, quem aparece para colaborar em When Fish Ride Bicycles são os rappers Bun B e Ghostface Killah, respectivamente em Gas Station e Penny Hardway. Embora tomado por alguns pequenos deslizes e falta de entusiasmo nos versos de algumas composições (GMC é bem desnecessária), em sua estreia o The Cool Kids consegue cumprir essa transição para o comercial de maneira bem resolvida e quase desprovida de erros. Pelo trabalho exercido em suas antigas mixtapes a dupla poderia fazer algo melhor, mas por enquanto já está de bom tamanho.

 

When Fish Ride Bicycles (2011, Green Label Sound/ C.A.K.E.)

 

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Curren$y, Wiz Khalifa e Kid Cudi
Ouça: Summer Jam

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.