Disco: “Whistle Tips”, Dinosaur Feathers

/ Por: Cleber Facchi 27/03/2012

Dinosaur Feathers
Indie/Alternative/Indie Pop
http://www.myspace.com/dinosaurfeathers

Por: Fernanda Blammer

Não foram poucas as bandas que passada a boa repercussão em cima do primeiro disco do Vampire Weekend passaram a olhar com maior atenção para a música africana ou mesmo buscando pela multiplicidade de ritmos vindos de outros territórios. Da mesma forma que muitos foram os novos interessados em explorar (mais uma vez) a World Music, muitos também foram responsáveis por lançar trabalhos fracos e pouquíssimo inspirados, resultado de uma geração de músicos marcados por uma nostalgia não vivenciada ou mesmo compositores desprovidos da mesma “originalidade” que Ezra Koenig e seus parceiros conseguiram estabelecer.

Dentre as principais bandas que conseguiram se desviar de um resultado plagiado (ou que no mínimo conseguiram acrescentaram certa dose de inovação ao seu trabalho) estava o Dinosaur Feathers, banda também originária do mesmo Brooklyn do Vampire Weekend, mas que olhava para o produção africana com outros olhos. Os ritmos quebrados, fórmulas instáveis e experiências musicais que abandonavam o óbvio serviram como mecanismos para que o primeiro disco da banda – Fantasy Memorial (2010) – fosse lançado e, mesmo sem destaque, circulasse pela blogosfera com algumas boas críticas, além de cativar um pequeno público para os shows dos nova-iorquinos.

O tom ensolarado do trabalho por vezes puxava o grupo para junto da nova cena de artistas que se organizavam em cima de cinzas do surf rock da década de 1960, resultado bastante natural por parte da banda, afinal, basta observáramos faixas como Teenage Whore e Family Waves para perceber o quanto a herança de Brian Wilson se faz presente. Entretanto, diferente dos interessados em explorar os ritmos marítimos ou mesmo aqueles que se afundavam nas experiências do afrobeat, o trabalho do grupo norte-americano parecia mudar constantemente, em cada nova faixa, algo que Whistle Tips (2012, Ernest Jenning), novo disco do quarteto reforça da mesma maneira.

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Ao contrário da calmaria e da fórmula contida do trabalho anterior, ao longo de 11 novas composições a banda se aproxima fortemente das guitarras, instrumento que acaba por caracterizar toda a extensão do disco e, por vezes, impede que a banda repita o mesmo resultado assertivo de outrora. Enquanto a calmaria proposta em I Ni Sogoma (primeira canção do debut) se estendia até os últimos instantes do trabalho, aqui a proposta é outra, com a banda se revelando hábil na construção de sons acelerados, músicas levemente voltadas para a dança e faixas que se quebram (e reconstroem) a todo instante.

Em diversos momentos as aproximações do grupo com a World Music são simplesmente abandonadas, com o quarteto se revelando partidário das mesmas experiências que algumas bandas vindas de primórdios da década de 1990 conseguiram desenvolver. Mesmo quando as guitarras dialogam com as velhas referências, como em Cure for Silence, há sempre um novo direcionamento, seja absorvendo a mesma essência do Pavement ou, por vezes, desfrutando de elementos da soul music, uma das poucas novidades dentro do álbum.

Talvez o que torne difícil a audição de Whistle Tips seja a carência de hits, afinal, em quase 40 minutos de duração do disco, são poucas as faixas em que a banda consegue de fato se aproximar do ouvinte, mesmo aqueles já acostumados aos sons por eles desenvoltos. Falta a naturalidade com que a banda soube lidar ao longo de todo o primeiro disco, elemento que em diversas vezes prejudica a boa condução de algumas faixas, canções como No Man’s Gospel e SUPRISE!, que parecem simplesmente indispostas da mesma beleza de outrora.

Whistle Tips (2012, Ernest Jenning)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Suckers, Vampire Weekend e Keepway
Ouça: No Man’s Gospel

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.