Disco: “Why Make Sense?”, Hot Chip

/ Por: Cleber Facchi 26/05/2015

Hot Chip
Electronic/Dance/Synthpop
http://www.hotchip.co.uk/

Depois de cinco álbuns de estúdio – Coming on Strong (2004), The Warning (2006), Made in the Dark (2008), One Life Stand (2010), In Our Heads (2012) -, apresentações agendadas pelos quatro cantos do planeta e um dos acervos mais criativos da música atual – Over and Over, Boy From School, Ready for the Floor, Take It In -, seria natural que o Hot Chip sufocasse pelo peso da própria obra. Entretanto, em um sentido oposto ao de grande parte da nova safra de artistas – músicos e produtores incapazes de mantar a coerência depois do segundo ou terceiro disco -, o coletivo britânico não apenas confirma a boa forma, como parece longe de errar o passo dentro ou mesmo fora das pistas de dança.

Bastam os cinco minutos de Huarache Lights, faixa de abertura do sexto e mais recente trabalho do grupo para que o ouvinte seja “seduzido”. Em Why Make Sense? (2015, Domino), obra lançado depois de um hiato de três anos desde o último disco – período mais longo até então -, Alexis Taylor, Joe Goddard e demais parceiros de banda ultrapassam os limites da própria maturidade, aproximando o Hot Chip de todo um novo mundo de possibilidades, ritmos e referências musicais.

Um pouco mais “lento” em relação ao som eufórico do antecessor In Our Heads, de 2012, Why Make Sense? assume de forma transformada boa parte da sonoridade incorporada no álbum de 2010, One Life Stand, encaminhando o ouvinte para o começo dos anos 1990. Ainda que a eletrônica pareça servir de alicerce para a obra, está no diálogo com o R&B, pop e Hip-Hop (do mesmo período) o real sustento das canções. Uma verdadeira coleção de temas adaptados, porém, incapazes de distorcer as habituais melodias e versos sempre limpos do grupo.

Longe de parecer novidade, mesmo a expressiva relação do Hot Chip com a música dos anos 1970 – principalmente o Funk e a Disco Music – aos poucos assume novo enquadramento dentro de Why Make Sense?. Do arranjo de cordas (sampleado) em Dark Night, passando pelo coro de vozes em Easy To Get, ao uso de guitarras comportadas em Started Right, toda a base dançante dos últimos registros desacelera, muda de direção e ainda serve como estímulo para os versos tristes que se estendem até o registro complementar Separate EP.

Quase uma extensão do catálogo entristecido de Made in the Dark (2008), em Why Make Sense? temas como separação, isolamento e solidão reverberam mesmo nas composições mais dançantes do trabalho. Faixas como a enérgica Need You Now ou a própria faixa-título; composições tão íntimas das pistas, como mergulhadas de um cenário obscuro, enevoado e sustentado em essência pelos falsetes de Alexis Taylor.

Vendido ao público de forma errada pelo selo Domino Records – casa da banda desde o álbum In Our Heads -, Why Make Sense?, contrário ao ritmo festivo indicado nos dois primeiros singles – Huarache Lights e Need You Now – é uma obra de movimentação lenta e versos intimistas. Um trabalho com ar de “fim de festa”, talvez pouco atrativo para os ouvintes mais entusiasmados, porém, tão honesto e detalhista quanto qualquer outro registro do Hot Chip.

Why Make Sense? (2015, Domino)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: The 2 Bears, LC Soundsystem e Cut Copy
Ouça: Huarache Lights, Dark Night e Need You Now

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.