Disco: “Widowspeak”, Widowspeak

/ Por: Cleber Facchi 20/06/2011

Widowspeak
Indie/Dream Pop/Female Vocalists
http://www.myspace.com/bandwidowspeak

Por: Fernanda Blammer

Há vinte anos, depois de uma série de pequenos shows e três discos fundamentais para se entender o que pode ser definido como “Dream Pop” chegava ao fim uma das bandas mais importantes do rock alternativo nos anos 90, o Galaxie 500. A utilização de sonoridades densas, vocais esvoaçados e um passeio enevoado pelo campo do etéreo fazem com que ecos do que Dean Wareham, Damon Krukowski e Naomi Yang desenvolveram prevaleça até os dias de hoje, tendo na estreia do também trio Widowspeak uma pequena mostra da presença do que flutuava das guitarras do grupo de Massachusetts.

Bem menos tomados pelo mar de distorções que o Galaxie 500 desenvolvia em seus discos, Molly Hamilton, Michael Stasiak e Robert Thomas trazem em sua autointitulada estreia uma série de faixas que embora venham perfumadas por algumas doses de guitarras concentram seus esforços em uma ambientação límpida e quase plástica. Em dez composições, o trio se especializa na produção de formas suaves, canções que destacam os vocais de Hamilton e que parecem dar vida a um jogo de sons bem diluídos e próximos de uma temática minimalista.

As linhas instrumentais suaves que delimitam a faixa de abertura, Puritan, pouco se alteram ao longo do disco. Os acordes amenos que inauguram o álbum se estendem na mesma medida dentro das nove canções irmãs que encontraremos na sequência, sempre evitando quebras bruscas, com a bateria se movimentando de maneira tranquila e nunca espancada, mas acima de tudo, proporcionando que as guitarras derramem seu canto de forma destacada, lembrando um The XX mais sujo em alguns momentos.

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Embora sejam poucas as mudanças que perpassam de forma intensa o disco ao longo de seu desenvolvimento, difícil é se esquivar da maneira com que o trabalho e sua profusão de sons ponderados vão se sobrepondo. Da voz de Hamilton explorada quase como um instrumento, passando pelos solos e as harmonias de guitarras, até a bateria essencial (e reducionista), tudo parece coerentemente encaixado, como se nada ali pudesse ser modificado ou acrescentado, sendo agradável em sua própria medida.

Mesmo que as peças deste delicado quebra-cabeças estejam encaixadas em seus respectivos espaços, formalizando um resultado de óbvio agrado, a ausência de alterações em algumas das músicas tornam a audição do álbum difícil em determinados momentos. A condução excessivamente lenta e pouco diferenciada em Limbs, por exemplo acaba transformando a faixa em algo tedioso, muito básico, quebrando a boa fluência do disco, como o que é encontrado nas amenas, porém complexas Harsh Realm e In The Pines, em que a tríade de elementos que movimentam o álbum buscam por algo nada repetitivo.

Embora a herança deixada pelo Galaxie 500 ainda seja visível nas frescas composições do trio do Brooklyn, pouco se mantém do que ecoava nos álbuns On Fire (1989), Today (1988) e This Is Our Music (1990). Embora a estreia do Widowspeak garanta bons momentos no decorrer de suas canções, proporcionando uma série de agradáveis músicas, como Gun Shy, Hard Times, além das já mencionadas, o disco conta com uma lacuna bastante perceptível, algo que parece ter se perdido nos primórdios dos anos 90 e que a banda não soube encontrar em seu debut.

Widowspeak (2011)

Nota: 7.2
Para quem gosta de: Craft Spells, Wild Nothing e Galaxie 500
Ouça: Harsh Realm

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.