Disco: “Wild Flag”, Wild Flag

/ Por: Cleber Facchi 10/09/2011

Wild Flag
Alternative Rock/Female Vocalists/Indie Rock
http://www.myspace.com/wildflag

 

Por: Fernanda Blammer

De uns tempos para cá se popularizou a ideia de que bandas de garotas precisam emanar composições que ressaltem tendências litorâneas, sons inundados por uma maresia Lo-Fi e versos romanticamente construídos, transformando suas interpretes em questão em criaturas frágeis, delicadas e deveras tolinhas. Se por enquanto a ideia vem dando certo para uma série de grupos norte-americanos, este não parece ser o caminho escolhido pelo quarteto de Portland, Wild Flag, que longe de qualquer aproximação com o oceano e distante de mocinhas fragilizadas faz de seu primeiro álbum um registro cru, tomado pelas guitarras e responsável por apresentar garotas repletas de atitude.

Esqueça qualquer aproximação com o trabalho de bandas como Dum Dum Girls, Best Coast ou Vivian Girls, cada segundo que passamos dentro do autointitulado debut do quarteto de garotas somos espancados por uma bateria imoderada e guitarras que bebem desesperadamente do indie rock dos anos 90, além, claro de algumas pequenas travessias pelo punk rock em diversos momentos do disco. Em 40 minutos de duração, o registro se abre em canções tomadas por uma dose de feminismo, lembrando em alguns momentos a melhor fase de Liz Phair – sem as afirmações sexuais – ou as grandes bandas de garotas que passaram a eclodir na segunda metade dos anos 70.

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Alavancadas pelo estrondoso single Romance, o quarteto – que existe desde idos de 2010 – mantém a energia do álbum sempre no mais alto nível, não poupando no uso de guitarradas esquizofrênicas, no melhor estilo Pavement ou outros grandes projetos que definiram os rumos do rock alternativo nos anos 90. Cada uma das dez faixas presentes no álbum seguem se projetando como hits em potencial, condensando seus esforços e distorções moderadas e uma fluência que mesmo básica consegue arrancar o ouvinte do chão em poucos segundos. Sem grandes firulas, o disco parece ser o trabalho mais exato para hipnotizar cinquentões amantes do bom e velho rock, bem como adolescentes rodeadas por composições excessivamente “conceituais” e “alternativas”.

Mesmo que pareça voltado para um público bem específico – o público feminino -, a maneira como Carrie Brownstein (vocal e guitarra), Mary Timony (vocal e guitarra), Rebecca Cole (teclados) e Janet Weiss (bateria) vão construindo o trabalho de forma sólida e bastante agressiva em boa parte das faixas acaba por resultar em um projeto que se volta para todos os públicos, sendo capaz de fazer com que “roqueiros” e “machões” se curvem mediante a boa e direta sonoridade desenvolvida pelo quarteto.

 

Wild Flag (2011, Marge)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Vivian Girls, Liz Phair e Stephen Malkmus and the Jicks
Ouça: Romance

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.