Disco: “Wild Peace”, Echo Lake

/ Por: Cleber Facchi 29/06/2012

Echo Lake
Shoegaze/Dream Pop/Indie
http://www.echolakeband.com/

Por: Fernanda Blammer

Band

Há duas décadas, depois de uma série de pequenos shows e três discos fundamentais para compreender o que pode ser definido hoje como “Dream Pop”, chegava ao fim uma das bandas mais importantes e influentes do rock alternativo dos anos 80/90, o Galaxie 500. A utilização de sonoridades densas, vocais esvoaçados e um passeio enevoado pelo campo do etéreo fazem com que os ecos do que Dean Wareham, Damon Krukowski e Naomi Yang desenvolveram prevaleça de forma intensa ainda nos dias de hoje. Uma proposta por vezes desconhecida do grande público, mas que se mantém ativa no lançamento do mais novo álbum do quinteto britânico Echo Lake, Wild Peace (2012, Slumberland), uma pequena mostra do que flutuava das guitarras e suaves melodias arquitetadas pela tríade de Massachusetts.

Bem menos conduzido pelo mar de distorções que o grupo de Massachusetts desenvolvia em seus discos, Thom, Linda, Pete, Kier e Steve elaboram no decorrer do novo disco uma série de faixas que, embora perfumadas por algumas doses incontestáveis de guitarras orquestradas pela distorção, concentram seus esforços em uma ambientação límpida, comercial e quase plástica. Em apenas dez ambientais composições, o trio se especializa na produção de formas intencionalmente suaves e macambúzias, canções que destacam os vocais femininos e que parecem dar vida a um jogo de sons bem diluídos e próximos de uma temática minimalista.

Das linhas instrumentais impulsionadas por uma visível delicadeza que inspira a faixa de abertura, Another Day, pouco parece se alterar ao longo do disco e das demais canções que o definem. Os acordes amenos que inauguram o álbum se estendem na mesma proporção dentro das nove canções irmãs que se apresentam comportadas na sequência, sempre evitando quebras bruscas ou vocais alterados. Com uma bateria que se movimenta de forma tranquila e nunca alterada, tudo contribui para que o registro derrame seus cantos e acordes de forma hipnótica, lembrando um Beach House menos caseiro ou um Fight Bite mais sujo e naturalmente enérgico.

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Tal qual a paisagem que se eleva de forma colorida e desconcertante na capa do álbum, grande parte do registro segue mergulhado no desenvolvimento de canções que praticamente recriam a trilha sonora de um universo mágico, raro e que aos poucos possibilita a entrada e o acolhimento do espectador. Mesmo que os acordes ou as batidas soem de forma demasiadamente climática em alguns momentos, o tom sóbrio dos vocais e determinados solos de guitarras acabam servindo como ferramentas para guiar o espectador, figura que parece flutuar no decorrer de cada nova composição – uma temática que mais aproxima o trabalho do quinteto inglês do que fora montado nos iniciais discos do Galaxie 500.

Mesmo que as peças deste delicado quebra-cabeças instrumental estejam encaixadas em seus respectivos espaços, formalizando um resultado de óbvio agrado e incrível sutileza, a ausência de alterações em algumas das músicas tornam a audição do álbum difícil em determinados momentos. A condução excessivamente lenta e pouco diferenciada em Swimmers, por exemplo acaba transformando a faixa em algo tedioso, muito básico, quebrando a boa fluência do disco. A faixa surge quase como um oposto do que é encontrado nas amenas, porém encantadoras Young Silence e Just Kids, em que a base sonora de elementos que movimentam o álbum estabelecem a construção de uma musicalidade nada repetitiva.

Por mais que a herança deixada pelo Galaxie 500 ainda seja visível nas frescas composições do quinteto londrino, pouco se mantém do que ecoava na trilogia oficial do grupo norte-americano – On Fire (1989), Today (1988) e This Is Our Music (1990). Embora o novo registro do Echo Lake garanta bons momentos no decorrer de suas canções, proporcionando uma série de agradáveis músicas, como Breathe Deep, In Dreams, além das já mencionadas anteriormente, o disco conta com uma lacuna bastante perceptível na estrutura das faixas, algo que parece ter se perdido nos primórdios dos anos 90 com o fim do trio de Massachusetts e que a banda britânica não soube encontrar.

Wild Peace (2012, Slumberland)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: School of Seven Bells, Galaxie 500 e Warpaint
Ouça: Breathe Deep e In Dreams

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.