Disco: “Wolfroy Goes To Town”, Bonnie ‘Prince’ Billy

/ Por: Cleber Facchi 06/10/2011

Bonnie ‘Prince’ Billy
Indie/Folk/Singer-Songwriter
http://www.myspace.com/princebonniebilly

 

Por: Gabriel Picanço

Uma das coisas mais legais e admiráveis em um artista é quando ele consegue, através de seu trabalho, transmitir certas emoções e transportar quem tem contato com a sua obra para outro lugar. O americano Will Oldham é um especialista nisso. No universo de Bonnie ‘Prince’ Billy, por exemplo, as coisas são mais lentas, arrastadas, sombrias e minimalistas. O silencio é importante para destacar cada elemento escondido em suas músicas. E você acha ótimo que seja assim. Essa experiência de ser abraçado pela aura melancólica da música de Oldham já é comum para quem está acostumado com o trabalho do cara e se repete em seu novo disco, Wolfroy Goes To Town.

Ele acertou de novo. Trabalhador incansável, que já lançou vários discos sob o nome de Palace Brothers, Palace Songs, Palace Music entre outros, chega ao seu vigésimo primeiro álbum, nono com a persona Bonnie ‘Prince’ Billy. Em Wolfroy Goes To Town não falta nada da fórmula tão elogiada e responsável por outros oito álbuns excelentes. Ele mantém a tradição de canções melancólicas e rústicas iniciada no clássico I See a Darkness, de 1999, sexto disco de sua carreira e primeiro em que usa o nome Bonnie ‘Prince’ Billy.

Mesmo mudando tanto de nome – e algumas vezes, de estilo – a obra do artista carrega muito da figura estranha e admirável de Oldham. Ele é uma espécie de nova versão do caipira fechado, sisudo e feio, mas com boas histórias e um jeito muito delicado e belo para contá-las. A sua imagem em um primeiro momento pode até assustar, mas, quando se une a sua música, passa a fazer sentido e não incomoda mais.

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As canções de Wolfroy Goes To Town são estruturadas sempre na voz e em seu violão, com traços de guitarras, baixo e bateria ao longo das faixas do álbum. O que prevalece é o clima confessional e intimista que lembra o estilo compositor inglês Nick Drake, mas sem a virtuose nas cordas deste.  Um pouco diferente é a faixa Quail And Dumplings, em que o resto da banda que acompanha Oldham aparece com um pouco mais de destaque, com direito até a um solo (não muito extravagante) de guitarra. Esse folk “quase animado” é a melhor faixa de álbum, com destaque para a participação vocal de Angel Olsen.

Acompanhando a voz frágil e sussurrada Oldham aparecem belíssimos arranjos vocais, presentes em faixas como New Whaling e We are Unhappy, adicionando ainda mais beleza ao álbum. Mas ele é essencialmente marcado pela leveza das cordas dedilhadas lentamente e as melodias tristonhas do compositor, em um estilo entre o folk e o country.

Will Oldham, ou Bonnie ‘Prince’ Billy, mostra em New Wolfroy Goes To Town que é ao mesmo tempo uma figura estranha e um artista dedicado e honesto, que passa a impressão de viver somente para sua música. Talvez seja esse o motivo da sua produção ser tão grande e de qualidade. E principalmente, é a sinceridade o que torna fácil ser capturado por sua música, não importa o nome que ele deseje usar.

 

Wolfroy Goes To Town (2011, Domino)

 

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Smog, Bill Callahan e Lambchop
Ouça: New Whaling e Quail And Dumplings

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.