Disco: “Wonderland”, Steve Aoki

/ Por: Cleber Facchi 03/01/2012

Steve Aoki
Electronic/Electro/Dance
http://steveaoki.com/

Por: Fernanda Blammer

 

O que Crookers, Boyz Noize, MSTRKRFT e Mr. Oizo têm em comum além da óbvia conexão com a música eletrônica? Ora, uma resposta simples: a habilidade de desenvolver excelentes remixes para os mais variados artistas e a inabilidade em estruturar um trabalho próprio (em estúdio) verdadeiramente satisfatório. Basta um simples passeio pela discografia de cada um destes artistas para perceber que a arte de suas composições não está na criação de algo próprio e original, mas na perversão das batidas e na reconfiguração de cada mínimo ruído na obra de outro personagem (seja ele pequeno ou grande) do meio musical.

Essa incapacidade de desenvolver um registro dotado de reais qualidades sonoras é algo bastante comum no cenário eletrônico, sendo Steve Aoki o exemplo mais latente disso. Espécie de David Guetta menos óbvio, o produtor californiano foi responsável por alguns dos remixes mais interessantes (e incrivelmente cativantes) da última década, sendo também responsável por um bom número de singles próprios ausentes de quaisquer irregularidades ou clichês que o fizeram um dos grandes da música eletrônica atual. Porém, em se tratando de um bom disco em estúdio, Aoki ainda deixa muito a desejar.

Quando Pillowface and His Airplane Chronicles, primeiro álbum do produtor foi lançado sob forte expectativa em janeiro de2008, a decepção não tardou a chegar. Longe da boa forma que o acompanhava em registros menores (principalmente nos singles), o norte-americano conseguiu ao longo de 17 composições (algumas delas remixes já consagrados ou versões para velhas conhecidas) desenvolver um registro sonolento e pouco inventivo, utilizando de uma série de colaboradores – como Soulwax e Spank Rock – para ocultar o nada satisfatório resultado do disco.

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Mesmo passados mais de quatro anos, pouco parece ter se alterado na forma como Aoki observa suas “grandes obras” em estúdio, afinal, com a chegada de Wonderland (2012, Ultra Records) o produtor parece se cercar pelos mesmos erros que o acompanharam há alguns anos. Menos orientado a produzir um disco de aspecto “coletânea”, o californiano desenvolve ao longo de 50 minutos uma dúzia de composições marcadas pelo ineditismo, faixas que seguem dentro dos limites dançantes de qualquer anterior projeto de Steve, porém, cada vez mais encorpadas pelo uso de versos e batidas que o relacionam com um pop casual e pouco rico.

Assim como o Crookers no desenvolvimento do álbum Tons Of Friends (lançado em março de 2010), Aoki aparece cercado de colaboradores, cantores e outros produtores que o acompanham em cada uma das 12 canções que caracterizam o recente disco. Se para alguns isso pode se manifestar como uma fórmula para o sucesso – como se Aoki tivesse a liberdade de circular por entre diferentes esferas da música, contando com gente como Rivers Cuomo, Kid Cudi, Lovefoxxx e LMFAO como seus guias -, para o produtor isso acabou se revelando como um grande fracasso.

Apontando em diversas direções (muitas delas difíceis de relacionar), Aoki faz nascer um trabalho amplo, porém nada satisfatório. Cada uma das canções chega carregada por um ritmo velho, batidas desgastadas e toda uma formula convencional que mesmo os piores representantes da música pop ou eletrônica são capazes de promover de forma muito melhor e mais bem estruturada. Do electro pop clichê de Earthquakey People (que conta com os vocais do líder do Weezer) aos beats quase convincentes da música The 80’s (construída ao lado do produtor indonésio Angger Dimas), tudo conta com um perfume de quase, com o americano mais uma vez provando ser um mestre na arte dos remixes e um péssimo representante na hora de produzir algo realmente seu.

Wonderland (2012, Ultra Records)

Nota: 4.0
Para quem gosta de: Crookers, MSTRKRFT e The Bloody Beetroots
Ouça: The 80’s

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.