Disco: “Wondervisions”, Delicate Steve

/ Por: Cleber Facchi 11/02/2011

Delicate Steve
Experimental/Electronic/Instrumental
http://www.myspace.com/delicatesteve

Por: Paulo Soares

Alguns discos como Wondervisions (2011), trabalho de estreia do multi-instrumentista Steve Marion de 23 anos, acabam impressionando o ouvinte da primeira à última faixa. Porém, esse “impressionar” no disco do garoto de New Jersey está totalmente pelo fato de que, como alguém consegue produzir um trabalho tão copiado, irritante e enfadonho como esse e se atreve ainda a lançá-lo? Como um selo como o Luaka Bop de David Byrne tem a coragem de apostar em um disco assim?

Vamos começar com Welcome-Begin, faixa que como já diz abre o disco. Um longo solo de guitarra, logo acrescentado de violões, batidas e espere, eu conheço esse som, já ouvi isso em algum lugar antes, tem certeza que isso não é do Ratatat? Tudo bem vamos relevar, afinal é a primeira faixa. Pulamos então para The Ballad of Speck and Pebble. Parece alguma coisa meio cena final de filme Western, o cowboy andando com seu cavalo pelo deserto, sobem os créditos e acaba o filme. Até aí tudo bem. Vem então Source ((CONNECTION)) uma vinheta de 30 segundos com alguns ruídos. Chega Sugar Splash e novamente eu penso que já conheço isso de algum lugar. Dessa vez não é só do Ratatat que ele suga sua “inspiração”, mas há um “q” de Vampire Weekend bem claro ali.

Com Attitude/Gratitude ele faz um retorno a esse lado “folk”, bem similar a baladinha western acima citada. Alguns acordes ali, efeitinhos eletrônicos ao fundo, monotonia e acabou. Mais uma vinheta esbanjando a intelectualidade de Marion e chegamos finalmente em Wondervisions, faixa que dá nome ao disco, e agora livre de surpresas: mais uma cópia. É tão copiada, que se alguém te falasse que na verdade é uma faixa bônus do penúltimo disco do duo Mike Stroud e Evan Mast do Ratatat – LP3 de 2008 – você nem perceberia.

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Mas eis que milagrosamente surge uma composição interessante. Discreta, Z Expressions vai se construindo através de bases de programação eletrônica e uma sonoridade meio espacial-futurística. Imagine aqueles filmes de ficção científica, que um cara do passado vai para o futuro, de repente ele percebe a cidade e quando a observa a câmera faz uma imagem panorâmica, sabe a música que toca ao fundo? É bem parecida com essa do Delicate Steve. Até aí tudo bem, nada que qualquer outro artista já não tivesse feito, mas pelo menos ele não chega carregado por seus enfadonhos solos de guitarras monocromáticos.

Em Don’t Get Stuck (Proud Elephants) os solos chatos de guitarra marcam o retorno, mas calma, agora ele aprendeu a criar uma base para sua composição, agora sim, não é mais aquele som seco e ambicioso que marcava as faixas de antes. Quem sabe se o disco fosse todo nesse estilo, com arranjos mais bem estruturados, o resultado sem dúvidas seria melhor. Até na ultima vinheta do álbum, Source ((BRIDGE)), o rapaz chega inspirado, muito melhor do que as canções do começo do disco.

O problema é que ele ainda chega com Butterfly, como se não tivesse aprendido nada com as últimas três faixas, voltando a entregar um som desinteressante e repetitivo. Nem a razoável Flyin’ High que encerra o disco consegue salvá-lo. Em geral é sempre bom apostar em artistas que estão no seus vinte e poucos anos, afinal, ainda há tempo de sobra até que aprendam como conduzir de maneira coerente seus lançamentos. Mas será que isso vale para Steve Marion? Teremos ainda de ouvi-lo “treinando” em seus próximos discos? Espero sinceramente que não.

Wondervisions (2011)

Nota: 5.5
Para quem gosta de: Ratatat, Young Empires e Electric Sunset
Ouça: Don’t Get Stuck (Proud Elephants)

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.