As criaturas estranhas que aparecem no encarte e até mesmo vídeos de Xen (2014, Mute) funcionam como uma representação do som assinado por Arca. Instalado em um campo aberto ao experimento, o produtor venezuelano Alejandro Ghersi, grande responsável pelo projeto, parece brincar com as pequenas possibilidades rítmicas, interpretando e ou mesmo encaixando elementos tão íntimos do Hip-Hop e Ambient, quanto peças extraídas de diferentes campos da eletrônica recente.
Naturalmente centrado na ruptura de conceitos, Ghersi assume no primeiro álbum oficial um som que parece flutuar entre o autoral e a específica desconstrução da própria essência. Quem esperava por um trabalho homogêneo ou possível continuação do material explorado no decorrer da mixtape &&&&&, de 2013, talvez se decepcione. Ainda que seja possível amarrar as pontas entre a canção de abertura do álbum e a derradeira Promise, cada peça do registro transporta ouvinte (e criador) para um cenário completamente novo, por vezes isolado.
Diferente do material apresentado há poucos meses, e até mesmo quando observamos faixas produzidas para FKA Twigs e Kanye West, o “debut” de Ghersi é um registro que encanta pelo curioso uso de instrumentos. Arranjos de cordas (sampleados) em Family Violence e Sad Bitch, pianos em Held Apart e até mesmo flautas em Now You Know. De fato, pouco parece ter sobrevivido da soma de manipulações eletrônicas e temas sintéticos apresentados nos vídeos de Jesse Kanda. Mesmo as pequenas “vinhetas” do registro reforçam o uso de inusitadas alterações instrumentais, aproximando Ghersi de um ambiente similar ao de Daniel Lopatin no último disco do Oneohtrix Point Never, R Plus Seven (2013).
Em se tratando do uso de batidas e diferentes ambientações eletrônicos, Xen é uma obra que segue e ao mesmo tempo distorce as pistas lançadas pelo produtor no último ano. Enquanto músicas como Thievery e Slit Thru se aproximam das pistas em um nítido exercício torto, outras como Fish revelam ao público o completo experimento de Arca. São composições rápidas, dois ou três minutos de duração, mas que carregam no próprio interior uma variedade de outras faixas e tendências compactadas.
Ecos do R&B 90’s em Sisters; sintetizadores empoeirados (e frenéticos) ao longo de Bullet Chained; ambientações minimalistas no interior de Failed. Mesmo as canções mais curtas e talvez “inexpressivas” do trabalho ocultam um possível traço de linearidade por parte do artista – instável durante os quase 40 minutos do álbum. Em um exercício proposital, Arca se concentra apenas em testar diferentes possibilidades em estúdio, colecionando arranjos, vozes e batidas arquitetadas de forma instável a cada nova curva do disco.
Anunciado como um dos principais produtores do novo álbum de Björk – previsto para 2015 -, Arca naturalmente assume Xen como uma vitrine autoral. Trata-se de uma exposição versátil do trabalho do artista como compositor e, principalmente, produtor. Cada detalhada composição aos poucos se acomoda dentro de um novo gênero, tendência ou sonoridade específica, apresentando e também antecipando prováveis inventos de Ghersi, hoje residente em Londres. De forma inteligente, um eficaz cartão de visita, mas que em nenhum momento escapa do cenário de imagens disformes e bases tortas há poucos meses apresentado ao ouvinte.
Bem, mas bem chatinho esse. Escutei a uns dias atrás duas vezes, tês vezes… mas n desceu, desconstrução demais. O interesse reside mais na estranheza que causa no ouvinte(estranheza pouco “estranha” diga-se de passagem, não é tão diferentão assim do que a gente tá acostumado) do que de fato pela qualidade enquanto experimental.
Um 4 sendo muito branda.
Discordo de Carla. Acho que você não compreende, não entende nada de música Carla shut up….
O Album é muito bom, 8.9/10 tá bom.
Sim, não compreendo, não entendo nada de música. Está corretíssimo, n vou mentir.
Mesmo assim, não: o álbum NÃO está muito bom.
Álbum superestimado, coisa para hipsters ficar falando que entenderam o conceito e quem não curtiu o álbum “não entede de música”. Quem entende? Deve ser quem lê as críticas como se fosse a Bíblia para evangélico fanático.
E se não gostou do coment AMOSTRA o diplome de entendedor de música.
Fraco…um 4 ta de bom tamanho
Facilmente um dos melhores do ano, belíssimos instrumentais.
É experimental, mas parece um experimental inacabado, como se as músicas lançadas no álbum fossem um apanhado de referências e ideias para então a criação efetiva do álbum, parece que o material requer polimento, mas sei lá, talvez seja essa a ideia do álbum mesmo, enfim, não me agradou.