Disco: “Yoncalla”, Yumi Zouma

/ Por: Cleber Facchi 31/05/2016

Artista: Yumi Zouma
Gênero: Indie Pop, Alternative, Synthpop
Acesse: http://www.yumizouma.com/

 

Dois anos após o lançamento do primeiro EP de inéditas, Christie Simpson e os parceiros Sam Perry, Charlie Ryder e Josh Burgess continuam em busca do mesmo som leve que serviu de base para faixas como The Brae e A Long Walk Home For Parted Lovers. Em Yoncalla (2016, Cascine), primeiro álbum de estúdio do quarteto neo-zelandês, uma extensão evidente do som delicado que apresentou a banda, base de cada uma das 10 composições que se espalham sem pressa no interior da obra.

Sintetizadores e batidas sempre comportadas, arranjos de guitarra levemente dançantes, flutuando entre os instantes finais da cena Disco e a boa fase da década de 1980. Durante pouco mais de 30 minutos – tempo de duração do álbum –, todos os elementos parecem flutuar em uma delicada espiral de ideias e referências. Uma atmosfera acolhedora, levemente empoeirada, como se diferentes épocas e tendências musicais fossem amarradas dentro de uma linguagem própria do quarteto.

Muito além do diálogo com a música concebida há mais de quatro décadas, Yoncalla firma em cada composição uma ponte declarada para diferentes obras vindas da cena sueca. São fragmentos de voz, temas eletrônicos e arranjos que esbarram no trabalho de artistas como jj, The Tough Alliance e principalmente no som o extinto duo Air France. Importante lembrar que em 2014, meses após a entrega do primeiro EP do grupo neo-zelandês, o mesmo projeto foi “ressuscitado” pelo Yumi Zouma lançamento de It Feels Good To Be Around You.

Obra de detalhes, Yoncalla sobrevive do minimalismo exato de suas canções. Um sintetizador estratégico em Keep It Close to Me, as alterações na voz que sustenta Remember You at All, o toque de “bossa nova” nas guitarras de Better When I’m by Your Side. Encaixes que se revelam ao público em pequenas doses, como se uma atmosfera essencialmente sutil servisse de base para o disco, delicado até na imagem de capa – uma ilustração que oculta o rosto dos quatro integrantes da banda.

Tamanho “controle” em nenhum momento impede que a banda apresente ao público uma série de canções pegajosas, efeito de uma particular interpretação da música pop pelo quarteto. Da sonoridade nostálgica que inaugura o disco em Barricade (Matter of Fact), uma típica peça dos anos 1980, passando por músicas como Keep It Close to Me e Yesterday, a cada curva do trabalho, versos fáceis, sintetizadores e solos de guitarra parecem prontos para fisgar o ouvinte.

Dotado de um som tão despretensioso e doce quanto o material entregue nos dois últimos trabalhos da banda – EP I (2014) e EP II (2015) –, Yoncalla consegue encantar mesmo sem parecer pensado para isso. São vozes serenas, versos sempre apaixonados, batidas levemente dançantes e toda uma ambientação que envolve o ouvinte sem pressa. O caminho seguro para uma obra que se distancia de todo e qualquer exagero, fazendo disso seu principal acerto. 

 

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Yoncalla (2016, Cascine)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Postiljonen, Mr. Twin Sister e Tei Shi
Ouça: Keep It Close To Me, Yesterday e Barricade (Matter of Fact)

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.