Disco: “You Are The Beat”, Dream Diary

/ Por: Cleber Facchi 03/02/2011

Dream Diary
Dream Pop/Indie Pop/Twee
http://www.myspace.com/dreamdiarylovesyou

A primeira ideia que vem à cabeça ao ouvir You Are The Beat (2011), o trabalho de estreia do Dream Diary é a de que o novo álbum do The Pains Of Being Pure At Heart acaba de ser lançado. Os vocais que se alternam entre o casal Madison Farmer e Jacob Sloan, a sonoridade abafada e doce das canções, além das guitarras com jeitão Dream Pop que estão em cada minúsculo espaço do disco. Todos esses elementos chegam de forma bem similar a dos conterrâneos do The Pains… . Porém, logo esse pequeno trabalho vindo do Brooklyn mostra que de cópia não tem nada.

Se verdadeira, a história da banda é até bem bonitinha. Farmer e Sloan andavam tranquilamente pelas ruas de New York, quando acabaram se esbarrando no meio da calçada, seus IPods caíram e ambos tocavam The Queen Is Dead do The Smiths. O resultado do evento acabou unindo os dois, que descobriram ter muito mais semelhanças do que apenas o interesse pela banda de Morrissey. Pouco após o encontro resolveram montar uma banda baseada nesses mesmos interesses. Convidaram Alexander Iezzi para tocar bateria (segundo eles, pois queriam um baterista com tatuagens) e para o baixo o amigo Christopher, estava feito o Dream Diary.

Algumas apresentações pela noite nova-iorquina e gravações caseiras no MySpace atraíram os olhares do selo independente Kanine Records, que acaba de lançar o primeiro trabalho da banda. O resultado em You Are The Beat é uma produção singela, mas que denota o entusiasmo de seus criadores, que buscam na sonoridade do rock inglês e nas massas sonoras de bandas como Galaxie 500 dar forma às suas próprias composições. Um pouco mais de 30 minutos de faixas levemente sujas e abraçadas com entusiasmo em composições pop.

O curto disco abre com Paper Flowers, uma faixa melódica e delicada, entoada pela voz de Jacob e pelos suaves apoios vocálicos de Madison. Is He Really Mine mantém o mesmo ritmo e mostra o fascínio do quarteto pelo post-punk, sempre é claro com uma delicadeza digna de bandas voltadas para o Twee Pop. Em Something Tells Her os solos melódicos de Sloan e a bateria simplista de Iezzi preparam o terreno para que o dueto dos vocalistas assuma o controle.

Bird in My Garden diminui a marcha e insere um tom melancólico ao trabalho, mas nada tão triste a ponto de corromper a graça e o charme das canções anteriores. Enquanto Forever retoma o lado engraçadinho da banda, El Lissitzky dá aquela acelerada e fica realmente parecida com as canções do debut da The Pains Of Being Pure At Heart.

O quarteto segue ainda destilado delicadezas em Young Veronica (com um clima meio californiano), Tombs Of Love, She Has a Way até fechar com Audrey of Spirits, essa claramente inspirada na sonoridade dos Smiths. O grupo pode não trazer nada de novo com esse trabalho de estreia, porém se mantém firme e vai dissolvendo sua sonoridade pop abafada com cuidado, exalando aquele toque de inexperiência típico de bandas iniciantes.

You Are The Beat (2011)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: The Pains Of Being Pure At Heart, Wild Nothing e Best Coast
Ouça: Is He Really Mine

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.