Disco: “Young and Old”, Tennis

/ Por: Cleber Facchi 25/01/2012

Tennis
Indie Pop/Lo-Fi/Female Vocalists
http://www.tennis-music.com/

Por: Cleber Facchi


Não era necessária uma observação muito atenta para perceber o quanto a cena musical norte-americana estava saturada no mesmo período do ano passado. Diariamente uma montanha de bandas despejavam sequências de acordes suaves, riffs típicos da surf music, e todo um conjunto de formas músicas excessivamente próximas. Era como se todos os trabalhos lançados naquele momento fossem pensados por um enorme grupo de músicos, que sofrendo de insolação resolveram padronizar toda a produção do período em uma massa de som única, homogênea e consequentemente cansativa.

No meio dessa explosão de cópias e músicos novatos plagiando artistas veteranos, eis que surge o casal Patrick Riley e Alaina Moore, do Tennis, que mesmo se valendo das exatas mesmas referências que estavam em voga naquele momento (e vinham se arrastando desde meados de 2009), encontraram em outro enquadramento um resultado deveras satisfatório e encantador. Longe (ou parcialmente) das experiências drogadas ressaltadas naquele instante, o duo encontrou em versos exaltando ao amor todas as referências necessárias para o desenvolvimento do delicioso Cape Dory, um registro marcado por doces composições e que parecia feito para ser apreciado da primeira à última faixa sem paradas.

Sem tempo para descanso, a dupla reaparece agora com Young & Old (2012, Fat Possum Records), disco que se aproveita das mesmas experiências musicais de outrora, embora rume para um resultado mais sério, menos ensolarado e até mais doloroso. Agora acompanhados do baterista James Barone, o casal parece aos poucos se afastar da temática marítima que inundou todo o álbum anterior – montado ao longo de sete meses enquanto o casal se aventurava de barco pelas Bahamas -, trabalhando o presente disco de forma mais terrena e consequentemente distinta.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=uPqSDp75E7s&w=640&h=360]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=6lBAPBzADxo&w=640&h=360]

Talvez o que mais pese no atual projeto da banda seja a falta de grandes ou pegajosos hits. De maneira despojada, a quase totalidade de Cape Dory era composta por criações acessíveis e fáceis ao grande público.  Da abertura leve de Take Me Somewhere, passando pela viciante Long Boat Pass, Marathon e Baltimore, cada uma das 10 canções do álbum foram intencionalmente planejadas em cima da métrica versos-refrão-versos-refrão, tornando o trabalho um reduto de possibilidades inteiramente melódicas, cantaroláveis e fáceis de decorar, como se a voz doce de Alaina já fosse velha conhecida do ouvinte.

Em se tratando de criações pegajosas Young & Old acaba devendo, e muito. Talvez Origins seja o que há de mais comercial no álbum, que agora parece reforçar muito mais a instrumentação (principalmente as guitarras de Patrick Riley) do que os versos em si. A ausência dos trechos fáceis e de toda a energia que marcava o anterior álbum acaba tornando a audição do registro desinteressante em um primeiro momento, levando certo tempo para nos adequarmos à nova “fase” do agora trio. Mesmo assim é possível nos depararmos com alguns bons momentos logo em uma inicial audição, algo que os sintetizadores de Petition e o ritmo crescente de High Road acabam por revelar sem grandes esforços.

Por se tratar de um trabalho desenvolvido em “terra firme”, Young & Old acaba soando como um registro de adaptação, como se o casal estivesse se acomodando ao novo conjunto de possibilidades apresentadas, sem jamais abandonar por completo as anteriores referências por eles propostas. Talvez venha daí o título do álbum, como se o duo entrelaçasse em um mesmo trabalho as velhas (Old) experiências musicais e todo um conjunto de novas (Young) vertentes, posicionando o ouvinte no meio desse pequeno turbilhão de ritmos opostos e próximos.

Young and Old (2012, Fat Possum)

Nota: 7.3
para quem gosta de: Twin Sister, La Sera e Cults
Ouça: Origins

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/28858666″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.