Disco: “Zonoscope”, Cut Copy

/ Por: Cleber Facchi 16/01/2011

Cut Copy
Electronic/Indie/Electro
http://www.myspace.com/cutcopy

Quando Bright Like Neon Love (2004) o primeiro disco da iniciante Cut Cupy foi lançado, o grupo fazia mais do que jus ao nome recebido. O som produzido pelo trio Dan Whitford, Tim Hoey e Mitchell Dean Scott era nada mais do que um “copiar e colar” da sonoridade synthpop que marcou os anos 80. Da capa do álbum aos acordes iniciais da faixa Time Stands Still, que abre o disco, tudo fazia referência ao som gerado há quase vinte anos antes do surgimento do grupo de Melbourne.

Além da retomada oitentista exposta na sonoridade da banda, o trio fazia parte da efervescente cena electro que tomava conta do mundo naquele período. The Rapture, Chk Chk Chk, Hot Chip e uma sem número de bandas que nasceram e morreram em uma velocidade assombrosa. O trio australiano se manteve firme em sua sonoridade referencial, o que foi mais do que suficiente para dar a eles a garantia de um segundo disco.

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Seriam necessários mais quatro anos em meio a apresentações pelo país de origem, incursões ao redor do globo e experimentações em estúdio até que a banda voltasse com In Ghost Colours em 2008, o segundo trabalho da ainda recente carreira do Cut Copy. E verdade seja dita: o grupo voltou da melhor maneira possível. O trabalho antes repleto de canções engraçadinhas e que traziam aquele clima nostálgico (principalmente para quem viveu os anos 80), agora dava lugar a um som maduro, ainda assim ligado às raízes da estreia. O trio de electro do primeiro lançamento não mais existia, o que se via era uma banda renovada que mexia com a instrumentação de uma maneira tão versátil que parecia até adulta demais.

A qualidade do novo som proposto pelo grupo agradou de tal forma, que boa parte das revistas e sites de músicas daquele ano o elegeriam como o melhor ou um dos melhores lançamentos. O que o trio fazia nada mais era do que dar a musica pop tradicional contornos melhorados, mostrando que a inspiração de antes não era mais copiada, mas sim reformulada nas mãos do grupo. Feel The Love, Out There On The Ice e Hearts On Fire apontavam que era possível não só gestar faixas dançantes e comercias, mas dar conteúdo a elas. E é dentro dessa mesma sonoridade que a banda apresenta seu mais novo disco: Zonoscope.

Se a banda já havia encontrado uma instrumentação eficaz no segundo disco, com o recente lançamento o Cut Copy chega ao ponto máximo de sua carreira. As canções demonstram uma produção impecável em que as faixas trabalhadas quase que inteiramente através de camadas de sintetizadores ganham contornos épicos memoráveis. Dos vocais à instrumentação, tudo se encaixa perfeitamente. Não há inconsistência entre as faixas, cada uma delas ocupa no disco um lugar por direito. Com uma maior duração em cada canção sobra tempo para que o trio possa preencher cada pequena lacuna com mais camadas de uma instrumentação ou pequenos arranjos vocálicos.

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Zonoscope é um trabalho que funciona melhor quando ouvido em sua totalidade, já que cada canção se abre para dar passagem à faixa seguinte e a mesma remete de alguma forma à música anterior. Tal qual a abertura proporcionada por Feel The Love no álbum anterior, Need You Now introduz o disco eficientemente e ainda esquenta o terreno para Take Me Over (um dos primeiros singles do novo álbum a sair ainda em 2010).

Inegavelmente o novo álbum esbanja grandiosidade. Seja pela maior duração de suas faixas ou pela instrumentação plural que acompanha o disco, o fato é tudo soa como uma epopéia da música eletrônica. O álbum é encantadoramente pop e ainda assim consegue agregar o mesmo espírito e intensidade dos discos do LCD Soundsystem de James Murphy ou demais autoridades da música eletrônica contemporânea. Se antes era o trio quem copiava, cortava e colava a sonoridade de épocas passadas, agora é possível dizer sem dúvida alguma que o grupo é dono de um som único e até então impossível de ser copiado.

Zonoscope (2011)

Nota: 8.8
Para quem gosta de: Miami Horror, Junior Boys e Hot Chip
Ouça: Take Me Over

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.