Disco:”My Beautiful Dark Twisted Fantasy”, Kanye West

/ Por: Cleber Facchi 05/12/2010

Kanye West
Hip-Hop/Rap/Electro
http://www.myspace.com/kanyewest

Por: Cleber Facchi

Kanye West sempre transitou entre o excêntrico e o genial em seus trabalhos, My Beautiful Dark Twisted Fantasy é o álbum onde estes dois elementos se encaixam com precisão gerando aquele que é sem dúvidas o melhor trabalho do rapper até agora. Esqueça o homem de coração partido em 808s & Heartbreak, o encontro com Jon Brion em Late Registration, o auge pop de Graduation e prepare-se para um trabalho épico digno do egocentrismo de West.

Uma das grandes propriedades do rapper é transitar tanto entre o meio pop e o alternativo, agradando públicos completamente distantes. Do garoto que canta ao som de Justin Bieber e Miley Cirus à garota hipster-alternative-underground com sua coleção de bandas obscuras dos anos 90. É difícil encontrar alguém que não se interesse pelo trabalho do artista. Parte dessa adoração está na união do rapper com uma série de representantes de diferentes áreas da música. De Chris Martin e Adam Levine (Coldplay e Maroon 5), exemplares da música pop,  à Jay-Z, Wil Wayne, Mos Def e Kid Cudi, parceiros de hip-hop, abrindo espaço inclusive aos indies do Bon Iver.

Superada a separação de Alexis Phifer (elemento que serviu de combustível para o trabalho anterior do rapper) além do “escândalo” no VMA de 2009, em que muita gente questionou inclusive sua sanidade, West mudou-se para o Hawaii onde começou a gravação de seu quinto disco de estúdio, previamente chamado de Good Ass Job. O período de reclusãodistante da mídia pareceu funcionar para o músico.

My Beautiful Dark Twisted Fantasy abre em meio a ecos dos anos 80 e um coro de vocais, além de samplear In High Places de Mike Oldfield, dando ao refrão “Could we get much higher” contornos épicos. Em seguida o discípulo Kid Cudi e Raekwon (Wu-Tang Clan) dialogam em meio ao som de guitarras de Georgeus abrindo espaço para Power (uma das melhores do álbum) com seus ecos de música africana. All Of The Lights é pop e radiofônica ao extremo com elementos bem similares de rock de arena e provavelmente um dos grandes hits do disco. Monster com sua sonoridade ruidosa une as rimas de Jay-Z e a musicalidade do Bon Iver. So Appelled fecha a primeira metade do disco com sua levada obscura de teclados synthpop em meio aos versos West, Jay-Z, The RZA e Pusha T.

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Em cima dos versos soul de Will You Still Love Me Tomorrow de Smokey Robinson o rapper segue com Rick Ross, apenas esquentando para o que viria na sequência. Iniciando em meio à acordes de piano Runaway é a faixa que define My Beautiful Dark Twisted Fantasy. A excentricidade se une à genialidade de West que junto de Pusha T despejam versos nos mais de nove minutos de duração da faixa. O clipe de Runaway (que mais funciona como um passeio pelas demais canções do disco) é misto de simbolismos e referências de West, uma visão da mente insana brilhante do rapper.

O disco segue ainda com Hell Of A Life em que West pende novamente para a leva de eletrônica, synthpop e o constante uso de Auto-Tune, característicos do trabalho anterior do músico. Blame Game com John Legend lembra o trabalho com Jon Brion em Late Registration enquanto Lost in The World é a tentativa do rapper em soltar a voz (mesmo sobre efeitos do Tune). O backing vocal de Rihanna, Elly Jackson (La Roux), Fergie e Alicia Keys é apenas um complemento.

A última faixa do disco vem com a pergunta “Who Will Survive In America?”. Com My Beautiful Dark Twisted Fantasy, Kanye West garante essa sobrevivência para além de um disco de rap, mas num estado muito mais próximo arte com mostras de sua excentricidade, egocentrismo e acima de tudo, genialidade.

My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010)

Nota: 9.8
Para quem gosta de: Wil Wayne, Kid Cudi e Mos Def
Ouça: Dark Fantasy, All Of The Lights e Runaway

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.