Disco:”Teenage and Torture”, Shilpa Ray and Her Happy…

/ Por: Cleber Facchi 15/01/2011

Shilpa Ray and Her Happy Hookers
Alternative Rock/Garage/Female Vocalists
http://www.myspace.com/shilparay

Há fortes dúvidas sobre a existência do Shilpa Ray and Her Happy Hookers. Embora a banda afirme veementemente que foi fundada em 2008, a probabilidade de que tenham viajado através do tempo, vindos de uma New York do final dos anos 70 é muito mais provável. Com o segundo disco sendo lançado agora, as suspeitas aumentam ainda mais. Há até quem afirme ter visto a banda tocando ao lado do Television, Blondie e outros grupos em meados de 1978 no CBGB. Outros dizem que a banda excursionou com Patti Smith no começo da carreira. Mistério, muito mistério paira sobre a banda.

Se de fato a banda é realmente recente como afirma ser, pelo menos deve ter ouvido muito o som dos anos 70, principalmente o emanado da mesma New York a qual fazem parte. Cria da atual cena do Brooklyn, a banda não vai atrás da mesma instrumentação proposta pelos grupos conterrâneos. Nada de melodias quebradas, experimentalismos absurdos ou guitarras eletrônicas aceleradas. Apenas rock. A banda parece não estar muito interessada em novidade já que suas canções exalam uma aura vintage que realmente fazem deixar dúvidas sobre de que período de tempo realmente veio a banda.

Embora constituída por quatro integrantes é a vocalista Shilpa Ray quem consegue angariar todos os olhares. Com uma voz e atitude cênica que vai de Patti Smith à Karen O a garota despeja seus vocais pesados sempre acompanhados pela boa instrumentação de seus companheiros Nick Undley (baixo), Andrew Bailey (Guitarra) e John Adamski (bateria). Além das já mencionadas bandas o grupo ainda se mostra visivelmente influenciado por Velvet Underground além de boas canções baseadas no blues e no rock clássico norte-americano.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=gJoDDsjswIA]

Com Teenage and Torture (2011) o mais novo lançamento, a banda se firma em guitarras mais viajadas e uma instrumentação que se curva para acompanhar os sempre bem executados vocais de Ray. O baixo de Nick Undley aqui não se apresenta como um mero figurante, assumindo a frente de boa parte das faixas e se mostrando profundamente eficaz. As guitarras de Bailey se mantêm em um meio termo. São ótimas, tomam conta das bases das canções e ainda evitam os clichês tomados por boa parte das bandas que se inspiram em sons referenciais.

O grupo deixa um pouco de lado as influências mais clássicas e busca inspiração também na música alternativa dos anos 90, principalmente no rock feminino de bandas como L7 e Bikini Kill, talvez em busca de novas fórmulas para dar suporte aos vocais de Ray, embora nada voltado para o Riot Grrrl em si. Stick It To The Woman é a canção que mais deixa clara essa predisposição do grupo, faixa também em que as cordas vocais da vocalista são levadas ao extremo.

Ouvir Shilpa Ray e suas prostitutas felizes (isso sim é nome de banda) é como assistir ao clássico Faster Pussycat! Kill Kill (1965) de Russ Meyer. Nele a atriz Tura Satana interpreta a personagem Varla, líder de um trio de garotas impiedosas, ladras e assassinas. A película mostra a força feminina, com mulheres dirigindo carros possantes, brigando de igual para igual contra os homens e não se importando nem um pouco com as convenções sociais, metendo a mão na cara de qualquer um sem se importar. Teenage and Torture é bem isso. Te acerta em cheio, não se importa com quem você é e te deixa derrubado, sem as mínimas condições de se defender.

Teenage and Torture (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Yeah Yeah Yeahs, Ida Maria e Patti Smith
Ouça: Venus Shaver

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.