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Se em 2010 a sonoridade proposta pela Do Amor era a de reviver os ritmos nacionais e todo o espírito da década de 1970 – indo da obra-prima dos Novos Baianos, Acabou Chorare (1972), até a boa forma de Gonzaguinha no começo dos anos 80 -, hoje os rumos parecem ser outros. Apoiados em melodias menos cômicas e versos capazes de incorporar uma proposta marcada pela “seriedade”, a banda carioca libera as corredeiras para a chegada de Piracema, segundo e aguardado registro em estúdio. Aos comandos de Ricardo Dias Gomes, Marcelo Callado, Gabriel Bubu e Gustavo Benjão, o grupo reforça de maneira autêntica os sons com a MPB da década de 1980, transformando a recente faixa-título em um encontro levemente tropical entre Legião Urbana e Djavan.

Como tudo que acompanha o trabalho do grupo, a nova faixa se desprende da obviedade, revelando um catálogo rico de referências intencionalmente esquecidas por boa parte dos grupos ou artistas atuais. Sem se importar com a variedade quase sufocante de ritmos que definiram o trabalho da banda há três anos, a nova composição aposta na sutileza. Primeiro na forma como os vocais se desmancham em meio ao som da chuva e outros elementos orgânicos, depois pela maneira como as guitarras se desintegram de forma ascendente em uma dose leve de psicodelia. Se o primeiro álbum parecia surpreender pelo exagero, ao que tudo indica o novo disco deve seguir o caminho oposto – e as últimas apresentações ao vivo bem apontam para isso. Mesmo sem data de lançamento, o novo álbum deve aparecer nos próximos meses.

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Do Amor – Piracema