Especial Planeta Terra Festival: Broken Social Scene

/ Por: Cleber Facchi 22/10/2011

.

Com o dia cinco de novembro se aproximando e com ele a chegada da nova edição do Planeta Terra Festival, nada melhor do que começar o aquecimento para aquele que é um dos maiores festivais de música do país. Depois de ter todos os ingressos vendidos em apenas 14 horas (um recorde para o evento), em sua nova edição o festival que será realizado mais uma vez no Paycenter em São Paulo deve seguir a mesma fórmula dos outros anos, oferecendo uma boa programação musical e uma organização impecável. Se você vai ao festival, mas ainda não conhece todas as bandas que irão se apresentar, não fique preocupado, afinal, durante os próximos dias vamos apresentar diariamente uma das atrações que tocarão no evento. Hoje: Broken Social Scene.

______________________________________________________________________________________________

.

Enquanto o cenário musical norte-americano anunciava a explosão do indie rock e toda a onda de artistas que delinearam o revival ao pós-punk, o coletivo canadense Broken Social Scene parecia seguir por uma via totalmente inversa. Nada de guitarras aceleradas aos moldes de Julian Casablancas ou a busca pela musicalidade sombria explorada pelo Interpol e outros artistas similares, para o grupo de Toronto a construção instrumental era outra. Inicialmente composto de apenas três integrantes, o grupo foi lentamente crescendo e se agregando de novos colaboradores, se convertendo posteriormente em uma gigantesca orquestra indie, projetando através de suas composições uma sonoridade própria, exaltando a densidade ambiental do pós-rock, porém, mantendo uma linearidade despretensiosa e acessível. Mais do que um dos mais importantes grupos contemporâneos, o BSS serviu como um grande celeiro musical, fazendo com que alguns de seus integrantes dessem origem a bandas como Stars, Metric ou mesmo embarcassem em carreira solo, como aconteceu com Feist e Jason Collett.

.

Feel Good Lost (2001, Arts & Crafts)

.

Conduzido de forma atmosférica e desenvolvendo uma sonoridade quase integralmente instrumental, o primeiro álbum da banda apareceu sem grandes exaltações em março de 2001. Rapidamente catalogados como integrantes da nova safra de expoentes do pós-rock, a banda foi aos poucos garantindo o respeito da crítica e de um seleto público, que encontrou nas canções sofisticadas da banda uma espécie de abrigo. Embora não pudesse parecer na época de seu lançamento Feel Good Lost se materializa como uma espécie de grande estudo musical, um tipo de treino para aquilo que o grupo desenvolveria posteriormente em seus seguintes trabalhos. Suave do começo ao fim, o disco apresenta o cruzamento entre distintos gêneros musicais, angariando destaque por conta da constante sobreposição de sons que vão do jazz à ambient music.

.

You Forgot it In People (2003, Arts & Crafts)

.

Considerado como a obra-prima da banda, You Forgot it In People é o resultado final de todas as experimentações geradas pelo coletivo em seu primeiro álbum. Surpreendente até seus últimos segundos, o registro deixa de lado a sonoridade essencialmente instrumental das anteriores composições do grupo para promover uma série de faixas memoráveis e carregadas de versos memoráveis. Tudo funciona de maneira épica e grandiosa nos quase 60 minutos do trabalho, que cruza doses de um shoegaze açucarado, doses de rock alternativo, música orquestral, além das anteriores experiências sonoras que delimitaram a estreia da banda. Entre faixas carregadas de experimentação e referências estritamente ambientais, surgem músicas fáceis, coloridas e trabalhadas de forma contagiante, algo que KC Accidental e Almost Crimes acabam revelando.

.

Broken Social Scene (2005, Arts & Crafts)

.

Quem manteve as expectativas em alta após o lançamento do memorável segundo disco do BSS não foi prejudicado quando o terceiro álbum da banda foi lançado dois anos mais tarde. Dividido entre as experimentações do primeiro disco e a sonoridade versátil de You Forgot it In People, o homônimo terceiro disco funciona como mais uma sucessão de acertos da banda canadense. Há desde composições marcadas por melodias crescentes como Ibi Dreams of Pavement (a Better Half), faixas carregadas de sutileza como Major Label Debut, até músicas como Bandwitch, repleta de experimentos sonoros e emanações que retomam o aspecto mais ambiental da banda. Embora tenha dividido a crítica, o registro garantiu ao grupo a indicação em prêmios como o Polaris Music Prize e o Juno Awards, com o disco recebendo o título álbum alternativo do ano nesse último.

.

Forgiveness Rock Record (2010, Art & Crafts)

.

Primeiro trabalho da banda após um intervalo de mais de cinco anos, Forgiveness Rock Record apresenta o coletivo um pouco mais enxuto, porém tão inspirado quanto em seus registros iniciais. Menos voltado para o lado experimental e climático da banda, o álbum despeja uma série de composições fáceis e pegajosas, lembrando a boa fase do grupo em seu segundo disco. Ao mesmo tempo em que os canadenses se aproximam de uma musicalidade extremamente volátil e cativante, os sempre marcantes arranjos orquestrais bem como as transições pelo pós-rock ganham um toque renovado, figurando ao fundo das faixas, permitindo que a banda possa desenvolver um diálogo com o grande público, porém, seguindo fiel aos seus velhos seguidores. De World Sick na abertura do disco, passando por Texico Bitches até Swetest Kill, o álbum se anuncia como o maior catálogo de hits já projetados pela banda.

.

.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.