Especial Planeta Terra Festival: Criolo

/ Por: Cleber Facchi 13/10/2011

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Com o dia cinco de novembro se aproximando e com ele a chegada da nova edição do Planeta Terra Festival, nada melhor do que começar o aquecimento para aquele que é um dos maiores festivais de música do país. Depois de ter todos os ingressos vendidos em apenas 14 horas (um recorde para o evento), em sua nova edição o festival que será realizado mais uma vez no Paycenterem São Paulodeve seguir a mesma fórmula dos outros anos, oferecendo uma boa programação musical e uma organização impecável. Se você vai ao festival, mas ainda não conhece todas as bandas que irão se apresentar, não fique preocupado, afinal, durante os próximos dias vamos apresentar diariamente uma das atrações que tocarão no evento. Hoje: Criolo.

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Muito embora pareça ter brotado há pouco tempo no mundo da música – através do recente Nó Na Orelha -, Kleber Cavalcante Gomes, ou simplesmente Criolo, já conta com uma longa carreira musical, grande parte dela profundamente relacionada ao Hip-Hop brasileiro. Um dos responsáveis pela criação da Rinha dos MC’sem São Paulo, o rapper vem desde o final dos anos 80 promovendo uma série de eventos ou participando ativamente de trabalho de diversos projetos realizados pelos expoentes do rap nacional, sendo provavelmente uma das figuras mais importantes do gênero no país. Em suas composições nada de uma base simples e versos amarrados em sequência, do funk ao soul, além de algumas raspas pela MPB, Criolo faz de suas composições registros sempre vastos e nada simplistas.

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Ainda Há Tempo (2006, Independente)

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Primeiro registro em estúdio do paulistano, Ainda Há Tempo apresenta um uma sequência de 22 faixas, músicas que apresentam um compositor ainda em estado bruto, como se ainda estivesse em busca de sua própria fórmula. Pouco comentado na época de seu lançamento, o registro dava alguns claros apontamentos da distinção musical que tomaria futuramente o trabalho do rapper – na época conhecido como Criolo Doido. Entre composições como Rap é Forte, No Sapatinho e Chuva Ácida, o paulistano vai delineando um trabalho que mesmo pouco sofisticado não poupa esforços para prender o ouvinte, mandando para cima do espectador uma enxurrada de versos sinceros, faixas que recontam parte de sua história além de aspectos voltados a elementos do cotidiano, algo que acabaria delimitado como uma das principais características da obra do rapper.

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Nó Na Orelha (2011, Independente)

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Muito mais enxuto e melhor desenvolvido que seu antecessor, o segundo álbum de Criolo apresenta uma profunda evolução tanto na sonoridade que o acompanha como na forma como os versos são entoados. Nada de samples, tudo (ou grande parte) do que se desenvolve dentro do álbum surge de maneira orgânica, com o rapper cruzando guitarras, trompetes, cavaquinhos e percussão de maneira solta, porém bem executada. Menos versado e mais cantado, o disco deixa fluir uma série de grandes composições, músicas que esbarram em melancolia (Não Existe Amor em SP), tratam de temas nostálgicos (Subirusdoistiozin), além de uma grande aproximação com a periferia paulistana (Grajauex). Entre transições pelo samba, dub e até música brega, Criolo passeia, canta e brinca com as palavras, jogando o ouvinte para inúmeras direções, fazendo mais do que jus ao título que toma conta do álbum.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.