Disco: “James Blake”, James Blake

/ Por: Cleber Facchi 04/01/2011

James Blake
Dubstep/Electronic/Minimal
http://www.myspace.com/jamesblakeproduction

Por: Cleber Facchi

O jovem britânico James Blake conseguiu em pouco menos de um ano sair do anonimato de sua página no MySpace e fazer com que os holofotes musicais de todo o mundo (ou pelo menos parte dele) se voltassem para sua figura. Munido apenas de quatro EPs – Air & Lack Thereof de 2009 e The Bells Sketch, CMYK e Klavierwerke lançados em 2010 –o produtor com seus pouco mais de 20 anos de idade figurou nas principais listas do ano passado o que serviu para preparar o terreno para seu primeiro trabalho na íntegra.

Ao contrário de outros discos focados na musicalidade dubstep em que a suavidade das batidas se firma como principal elemento dentro da composição, com Blake o destaque está no uso dos vocais. As batidas fluem de maneira a circundar a voz do produtor que aqui vem carregada pelo uso de auto-tune e pequenas distorções adicionais, embora soe tecnicamente limpo e acessível aos ouvidos. I Never Learnt To Share é a principal comprovação da eficácia vocal do britânico. Os versos que abrem a faixa aos poucos recebem novas camadas de voz até que lentamente suba a instrumentação, mas sempre ocultada pelos vocais do músico.

Menos detalhista que Crooks & Lovers (2010) dos conterrâneos do Mount Kimbie e bem menos intenso que os trabalhos do Burial, o álbum firma-se justamente nas camadas e programações minimalistas. Tudo está sempre ao fundo das canções, seja um acréscimo comportado de teclados ou um suave e curto ruído. Todas as faixas no disco se constroem através dos detalhes. Em To Care (Like You), por exemplo, é a quebra das melodias as batidas ponderadas ao fundo que embalam a canção. Já Why Don’t You Call Me cresce através de uma balda focada em um piano experimental. A versatilidade se mostra como elemento constante dentro de todo o álbum.

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Para o disco, James Blake foi buscar inspiração para muito além das camadas de dub ou do downtempo da década de 1990. A principal fonte aqui é visivelmente a soul music setentista. Seja pela forma como sua voz é reforçada ao longo do álbum ou pela construção melódica das composições, mas o fato é que o músico bebe de Gil Scott-Heron, Al Green e outros gênios do estilo. As influências surgem através de alguns experimentalismos de Blake, que quebra suas melodias e às reconfigura gerando uma espécie de neo-soul.

O vigor de Blake e sua inspiração fazem com que o disco seja agradável para além dos amantes do dubstep ou da música minimalista. As composições atingem uma coesão elaborada que se traduzem através dos menos de 40 minutos de duração do disco gerando faixas climáticas e que demonstram a eficácia de seu produtor. Sem dúvidas um disco essencial para se ouvir em 2011.

James Blake (2011)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Mount Kimbie, Burial e Gil Scott-Heron
Ouça: Limit To Your Love

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.